Cardiovascular-cause mortality is the most commonly identified health outcome associated with cold weather and is generally observed shortly after cold weather events. Cold temperatures are associated with increases in blood pressure, cholesterol, fibrinogen and erythrocyte counts, which are risk factors for cardiovascular diseases such as myocardial infarction. Cardiovascular diseases account for about 50% of deaths in developed nations, indicating that many people are at risk for cardiovascular events, and, in particular, may be more susceptible to cold weather.
Mortality occurring at the longest lags after a cold wave are associated with respiratory illness. Infectious diseases such as pneumonia and influenza are more common in the winter season and also contribute to cold-weather deaths. Respiratory tract infections are more likely to occur during periods of low temperatures and low humidity. Low temperatures can result in bronchoconstriction and suppress immune system responses, which make one more susceptible to respiratory insult. Incidence of stroke and cerebrovascular-related deaths is higher in winter than other seasons, possibly due to low ambient temperatures leading to increased blood pressure.
Both individual and contextual risk factors contribute to a person's susceptibility to cold weather. Elderly populations are considered particularly vulnerable to cold weather as a person's ability to thermoregulate can become impaired with age. Underlying diseases, such as diabetes, and medications can modify blood pressure, circulation, perspiration rates, and some mental capacities such as warmth perception, thus complicating people's ability to identify when they are experiencing cold. Several reports show that counts of excess winter mortality are higher in people over age 65 living in colder climates.
Cities with mild winter climates see higher all-cause and cause-specific excess mortality associated with increases in cold, suggesting that relative changes in temperature may be a better indicator of mortality than absolute temperatures. City size is also an important marker of vulnerability, as associations between cold and all- and cardiovascular-cause mortality were higher in smaller, rural communities than in larger metropolitan areas. Tolerance to cold weather events may be higher in larger communities due to retention of heat in the built environment, which may create urban heat islands that buffer people's exposure to variability in winter temperatures.
Socioeconomic indicators related to morbidity and mortality do not appear to strongly contribute to a person's susceptibility to cold weather. However, the role of socioeconomic status is not clear as some evidence implies that income disparities and fuel poverty contribute to cold-related mortality. It has been postulated that consistent and regular exposures to cold weather have a protective effect by enhancing a person's resilience (adaptation) to these exposures. Yet, some evidence suggests that vulnerability to cold weather has decreased in recent years, indicating that a combination of biological or behavioral adaptations is needed for preventing mortality related to cold weather.
Resumo: em geral, há uma tendência para diminuir a intensidade dos picos de mortalidade associados ao frio, devido à adaptação comportamental, i.e. maior habilidade para enfrentar o frio. No entanto, actualmente, os efeitos mais acentuados da mortalidade devida ao frio verificam-se: 1) nos países/ regiões temperados, onde a adaptação a temperaturas extremamente baixas é menor; 2) nos países/ regiões mais envelhecidos, porque o efeito do frio na mortalidade é superior na população idosa; 3) nas áreas rurais, onde há uma combinação de menor adaptação, mais envelhecimento e maior distância física, social e cultural no acesso aos serviços de saúde primários.
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03/03/2012
Les Misérables
Dum ponto de vista estatístico, não há nada que justifique esta histeria em volta dos picos de mortalidade associados ao frio e às gripes. Admitamos, no entanto, que os miseráveis têm maior probabilidade de morrer por efeito directo ou indirecto do frio: A nossa ira deve ir para quem já não tem dinheiro para garantir o apoio aos miseráveis ou para quem estoirou o dinheiro, ironicamente invocando o argumento de que estava a acabar com a miséria?
12/02/2012
02/08/2011
Ronaldo bankia
Afinal aquela notícia de April's Fools não será assim tão fool... segundo El País, o BCE aceita como garantia, para ceder liquidez ao Bankia, o empréstimo que o Real Madrid contraiu para comprar o (passe de) Cristiano Ronaldo. Uma Caja do grupo Bankia, com problemas de liquidez, emprestou, com um spread sobre a Euribor bastante reduzido, muito dinheiro a um clube de futebol com um rácio de endividamento de 75%. Como é evidente, não consegue financiar-se a esse spread e o BCE dá-lhe a mão, basicamente, a troco dos pés de Ronaldo.
O empréstimo dos pés de Ronaldo não é a única garantia Bankia. O grosso da garantia são empréstimos ao quixotesco negócio dos moinhos de vento, o qual, como toda a gente sabe, nunca é bom quando vindo de Espanha. Quem sabe, sabe, e quem garante o vento é que sabe.
O empréstimo dos pés de Ronaldo não é a única garantia Bankia. O grosso da garantia são empréstimos ao quixotesco negócio dos moinhos de vento, o qual, como toda a gente sabe, nunca é bom quando vindo de Espanha. Quem sabe, sabe, e quem garante o vento é que sabe.
Foto de Associated Press mostrando Ronaldo a repor os líquidos no banco. Ao lado esquerdo
está a solução para os problemas de liquidez do futebol, da banca e da economia espanhola.
está a solução para os problemas de liquidez do futebol, da banca e da economia espanhola.
05/05/2011
O Mundo é ingrato
O programa PORTUGAL2020 (aprovado em Conselho de Ministros de 20 de Março de 2011) mostra ao mundo como se pode diminuir o défice externo e combater o aquecimento global:
«A elevada dependência energética constitui uma importante debilidade da economia portuguesa (...) Para obviar a essa dependência o Governo adoptou em 2005 a Estratégia Nacional de Energia, com metas ambiciosas em termos de utilização de energias renováveis, visando um aumento do aproveitamento dos recursos endógenos e a redução das importações de combustíveis fósseis. (...) Portugal figura já entre os Países do mundo com melhores resultados absolutos e progressos relativos na concretização duma política de promoção das energias renováveis. As metas portuguesas de produzir em 2020, 60% de toda a electricidade e 31% da energia primária a partir de recursos endógenos e renováveis são das mais ambiciosas no plano europeu e mundial. Portugal está a fazer uma aposta clara nas novas energias e em particular nas energias renováveis e na eficiência energética, com resultados que posicionam hoje o País como uma referência global no sector.» (sublinhados meus)
Ora, é sabido que os "resultados absolutos e progressos relativos" se baseiam em mecanismos de tarifas garantidas a longo prazo, que mais do que compensam as "luvas" que os produtores pagam à cabeça.
Quando o Mundo (=FMI) veio até nós, não teve a gratidão de nos reconhecer a "referência global no sector". Pior, atreveu-se a por em causa a estratégia do PORTUGAL2020:
Medida 5.6 --> renegociação e revisão em baixa dos mecanismos de compensação aos produtores convencionais pelo incremento da produção "alternativa"
Medida 5.7 --> revisão em baixa dos incentivos à co-geração
Medida 5.9 --> renegociação dos contratos com os produtores de renováveis com vista a diminuir o incentivo tarifário
Medida 5.10 --> assegurar que não há benefício mais do que justificado para os produtores de renováveis, nos novos contratos; nos novos contratos da hídrica e eólica, não adoptar tarifas garantidas
Medida 5.11 --> análise rigorosa e independente dos custos e do impacto nos preços em todas as decisões de investimento em energias renováveis
«A elevada dependência energética constitui uma importante debilidade da economia portuguesa (...) Para obviar a essa dependência o Governo adoptou em 2005 a Estratégia Nacional de Energia, com metas ambiciosas em termos de utilização de energias renováveis, visando um aumento do aproveitamento dos recursos endógenos e a redução das importações de combustíveis fósseis. (...) Portugal figura já entre os Países do mundo com melhores resultados absolutos e progressos relativos na concretização duma política de promoção das energias renováveis. As metas portuguesas de produzir em 2020, 60% de toda a electricidade e 31% da energia primária a partir de recursos endógenos e renováveis são das mais ambiciosas no plano europeu e mundial. Portugal está a fazer uma aposta clara nas novas energias e em particular nas energias renováveis e na eficiência energética, com resultados que posicionam hoje o País como uma referência global no sector.» (sublinhados meus)
Ora, é sabido que os "resultados absolutos e progressos relativos" se baseiam em mecanismos de tarifas garantidas a longo prazo, que mais do que compensam as "luvas" que os produtores pagam à cabeça.
Quando o Mundo (=FMI) veio até nós, não teve a gratidão de nos reconhecer a "referência global no sector". Pior, atreveu-se a por em causa a estratégia do PORTUGAL2020:
Medida 5.6 --> renegociação e revisão em baixa dos mecanismos de compensação aos produtores convencionais pelo incremento da produção "alternativa"
Medida 5.7 --> revisão em baixa dos incentivos à co-geração
Medida 5.9 --> renegociação dos contratos com os produtores de renováveis com vista a diminuir o incentivo tarifário
Medida 5.10 --> assegurar que não há benefício mais do que justificado para os produtores de renováveis, nos novos contratos; nos novos contratos da hídrica e eólica, não adoptar tarifas garantidas
Medida 5.11 --> análise rigorosa e independente dos custos e do impacto nos preços em todas as decisões de investimento em energias renováveis
21/03/2011
06/03/2011
Consumo sustentável
Caro Álvaro Santos Pereira:
podemos ver a coisa pela perspectiva pós-moderna - face aos consumistas do Sul, os políticos do Norte apostaram tudo num estilo de vida responsável e sustentável.
"Prontos".
podemos ver a coisa pela perspectiva pós-moderna - face aos consumistas do Sul, os políticos do Norte apostaram tudo num estilo de vida responsável e sustentável.
"Prontos".
14/01/2011
Consumidores vulneráveis
Segundo as estimativas da ERSE (aqui, em PDF), os consumidores de electricidade que estão em condições de beneficiar da Tarifa Social de Electricidade pagaram em 2010, em média, 0,166€ por cada kWh consumido. Os consumidores domésticos não abrangidos por esta "benesse", pagaram, em média, 0,163€ por cada kWh consumido.
Admitindo que o consumo se mantém em 2011, a aplicação da tarifa social permitirá aos clientes "vulneráveis" pagar, em média, 0,168€ por kWh, enquanto os restantes pagarão 0,169€. O procedimento para conseguir o desconto de 60 cêntimos por mês é tão Complicadex que, com certeza, a maioria dos clientes "vulneráveis" não irá obter o benefício a que teria direito. Os que o conseguirem, irão, em média, pagar a electricidade consumida ao mesmo preço dos clientes "normais".
Vamos lá explicar. O que se passa é que, devido ao mecanismo de formação de preços, o custo real, para o consumidor final, de cada kWh, é mais elevado para os mais "vulneráveis", ou seja, para os que consomem menos. Logo, a aplicação desta tarifa social, em 2011, o mais que consegue é, à custa de muita burocracia, equivaler os preços médios pagos pelos consumidores "vulneráveis" aos preços médios pagos por todo o mercado. No entanto, a ERSE estima que o consumo médio dos "vulneráveis" seja na ordem dos 1500 kWh anuais. Ora, o consumo médio na maioria das áreas rurais é bastante inferior a esse valor. O que significa que os consumidores "vulneráveis" que habitam essas regiões, nomeadamente os pensionistas, terão consumos bem abaixo dos 1000 kWh anuais e continuarão a pagar, por cada kWh realmente consumido, um preço médio bastante superior aos não vulneráveis!
Aliás, como explica a DECO, os consumidores realmente vulneráveis, aqueles que beneficiavam da antiga tarifa social, irão ver a sua factura aumentar significativamente!!!
Admitindo que o consumo se mantém em 2011, a aplicação da tarifa social permitirá aos clientes "vulneráveis" pagar, em média, 0,168€ por kWh, enquanto os restantes pagarão 0,169€. O procedimento para conseguir o desconto de 60 cêntimos por mês é tão Complicadex que, com certeza, a maioria dos clientes "vulneráveis" não irá obter o benefício a que teria direito. Os que o conseguirem, irão, em média, pagar a electricidade consumida ao mesmo preço dos clientes "normais".
Vamos lá explicar. O que se passa é que, devido ao mecanismo de formação de preços, o custo real, para o consumidor final, de cada kWh, é mais elevado para os mais "vulneráveis", ou seja, para os que consomem menos. Logo, a aplicação desta tarifa social, em 2011, o mais que consegue é, à custa de muita burocracia, equivaler os preços médios pagos pelos consumidores "vulneráveis" aos preços médios pagos por todo o mercado. No entanto, a ERSE estima que o consumo médio dos "vulneráveis" seja na ordem dos 1500 kWh anuais. Ora, o consumo médio na maioria das áreas rurais é bastante inferior a esse valor. O que significa que os consumidores "vulneráveis" que habitam essas regiões, nomeadamente os pensionistas, terão consumos bem abaixo dos 1000 kWh anuais e continuarão a pagar, por cada kWh realmente consumido, um preço médio bastante superior aos não vulneráveis!
Aliás, como explica a DECO, os consumidores realmente vulneráveis, aqueles que beneficiavam da antiga tarifa social, irão ver a sua factura aumentar significativamente!!!
06/01/2011
Lemingues
O suplemento Ecosfera publicou um artigo Reuters, mas resolveu omitir a parte mais interessante, i.e. aquela que realmente acrescenta algo ao meu conhecimento - contra tudo aquilo que eu pensava serem evidências, afinal, vem um sábio norueguês explicar que as mortes em massa de lemingues se devem à falta de alimento!!! E que o alimento é mais escasso no Inverno. Somando 2+2, lá vem a colherada: nunca fiando, «modernas ameaças, como a poluição ou o arrefecimento global as alterações climáticas, podem agravar os factores de stress sobre a vida selvagem».
Sossegados podem ficar "Os Melros", pois alimento é coisa que não lhes falta. A gripe das aves também está descartada, pelo que só têm de voar baixinho para não esbarrarem com algum aerogerador. A não ser que esta hipótese mirabolante seja a correcta: «Among the theories was that a truck had collided with the flock».
Actualização 7-1: «Apesar de as causas ainda estarem a ser investigadas, as temperaturas anormalmente baixas poderão ser a explicação para a maioria dos casos». Aguarda-se uma cimeira para o combate ao arrefecimento global.
Sossegados podem ficar "Os Melros", pois alimento é coisa que não lhes falta. A gripe das aves também está descartada, pelo que só têm de voar baixinho para não esbarrarem com algum aerogerador. A não ser que esta hipótese mirabolante seja a correcta: «Among the theories was that a truck had collided with the flock».
Actualização 7-1: «Apesar de as causas ainda estarem a ser investigadas, as temperaturas anormalmente baixas poderão ser a explicação para a maioria dos casos». Aguarda-se uma cimeira para o combate ao arrefecimento global.
09/12/2010
O mexilhão
Através do EcoTretas, cheguei a um artigo do Público onde se explica como o Estado se financia cobrando aos operadores de produção eléctrica uns milhões à cabeça, pagos depois às prestações pelos consumidores de electricidade:
«O Estado encontrou uma nova fonte de receita na concessão das novas grandes barragens. As licenças para Iberdrola, Endesa e EDP totalizaram 624 milhões de euros de encaixe financeiro e foram utilizados para despesa pública geral. Com os concursos para as centrais mini-hídricas e solares fotovoltaicas, que têm de estar fechados até final do ano, o Estado assumiu que procurava a "mais alta contrapartida financeira", como explicita no anúncio do concurso, e espera arrecadar mais 110 milhões de euros ou um pouco mais, sendo verbas que vão servir, de novo, para fins fora do sistema eléctrico.»
«O Estado está a usar os promotores de energias renováveis como financiadores e fixa-lhes tarifas garantidas ao longo de anos para se ressarcirem do dinheiro (...)
Para além de dar valores mais atractivos para a tarifa garantida, como compensação futura, o Governo, em alguns casos, tem alargado o prazo dessa garantia bem como o das concessões.»
Uma pequena fatia destes milhões usados "fora do sistema eléctrico" serve para calar os autarcas dos locais de concessão - prejudica-se a lontra, lixa-se o mexilhão (de água doce, neste caso), mas haverá mais uma estrada alcatroada, um polidesportivo ou um museu etnográfico para inaugurar, algo precioso neste tempo de vacas magras.
«O Estado encontrou uma nova fonte de receita na concessão das novas grandes barragens. As licenças para Iberdrola, Endesa e EDP totalizaram 624 milhões de euros de encaixe financeiro e foram utilizados para despesa pública geral. Com os concursos para as centrais mini-hídricas e solares fotovoltaicas, que têm de estar fechados até final do ano, o Estado assumiu que procurava a "mais alta contrapartida financeira", como explicita no anúncio do concurso, e espera arrecadar mais 110 milhões de euros ou um pouco mais, sendo verbas que vão servir, de novo, para fins fora do sistema eléctrico.»
«O Estado está a usar os promotores de energias renováveis como financiadores e fixa-lhes tarifas garantidas ao longo de anos para se ressarcirem do dinheiro (...)
Para além de dar valores mais atractivos para a tarifa garantida, como compensação futura, o Governo, em alguns casos, tem alargado o prazo dessa garantia bem como o das concessões.»
Uma pequena fatia destes milhões usados "fora do sistema eléctrico" serve para calar os autarcas dos locais de concessão - prejudica-se a lontra, lixa-se o mexilhão (de água doce, neste caso), mas haverá mais uma estrada alcatroada, um polidesportivo ou um museu etnográfico para inaugurar, algo precioso neste tempo de vacas magras.
29/11/2010
Sem pingo de vergonha
Aquele que prometeu criar 150 mil empregos - com os resultados que se conhece - promete agora mais 120 mil só «nestas novas áreas» (energias renováveis). E ainda tem a lata de afirmar que «Os parceiros africanos podem beneficiar da experiência europeia no desenvolvimento [...] de quadros regulamentares que são apropriados à mitigação dos efeitos das alterações climáticas». Já estará a arranjar um lugar para Ascenso numa qualquer ERSE africana???
26/11/2010
Mas qual poupança?
Caro EcoTretas,
pouco importa se a "poupança" são 100, 700 ou 800, não se pode comparar um dos pratos da balança de transacções correntes com o acréscimo na factura dos consumidores.
Como escreveu a OCDE, se falamos de transacções correntes, então devemos comparar a diminuição nas importações de combustíveis com i) diminuição das exportações industriais provocadas pelo aumento do custo da energia; ii) custo de oportunidade do capital canalizado para as renováveis face, p. ex. à sua canalização para sectores exportadores.
O que se passa é que o Governo garantiu negócios em condições muito vantajosas para os operadores do cluster energético, em prejuízo dos consumidores e, tudo indica, da economia portuguesa. Essa zorreira não consegue encobrir o óbvio - mais uma vez, as decisões "estratégicas" defendem os mais fortes... basta ver as relações entre estas empresas, os reguladores e os partidos.
pouco importa se a "poupança" são 100, 700 ou 800, não se pode comparar um dos pratos da balança de transacções correntes com o acréscimo na factura dos consumidores.
Como escreveu a OCDE, se falamos de transacções correntes, então devemos comparar a diminuição nas importações de combustíveis com i) diminuição das exportações industriais provocadas pelo aumento do custo da energia; ii) custo de oportunidade do capital canalizado para as renováveis face, p. ex. à sua canalização para sectores exportadores.
O que se passa é que o Governo garantiu negócios em condições muito vantajosas para os operadores do cluster energético, em prejuízo dos consumidores e, tudo indica, da economia portuguesa. Essa zorreira não consegue encobrir o óbvio - mais uma vez, as decisões "estratégicas" defendem os mais fortes... basta ver as relações entre estas empresas, os reguladores e os partidos.
17/10/2010
Para que serve um regulador?
- Em primeiro lugar, obviamente, para colocar bóis.
- Em segundo lugar, para validar a política governamental que, apresentada como "custos de interesse económico geral", consiste em tirar dinheiro dos consumidores e distribuir pela malta amiga. Vejamos, num documento da ERSE, os «factores que resultam no incremento do nível tarifário» da electricidade: a) Produção em Regime Especial - Paga-se mais aos produtores deste regime e garante-se a compra de toda a produção - grande negócio! Quanto mais se produzir em regime especial, mais cara é a energia consumida.
b) Manutenção do Equilíbrio Contratual - Quanto mais se produzir em regime especial, menos vendem os produtores convencionais - mas ganham o mesmo, já que, nos termos da lei, o seu rendimento não pode ser menor do que o que estava contratualmente estabelecido.
c) Garantia de Potência - incentivos à produção no regime ordinário «pagos por todos os consumidores de energia eléctrica e reflectidos nas tarifas de acesso às redes».
Note-se que a mesma ERSE aceitou que, em ano elitoral (2009), boa parte dos custos de "interesse económico geral" fossem diferidos para os anos seguintes. Em 2011, com ou sem eleições, segundo as contas do Público, cada consumidor terá para pagar, em média, 425 euros de interesse geral. Suponho que faça parte do "interesse económico geral" pagar para que uma universidade americana acolha um ex-ministro especialista em safar empregos e um Primeiro Ministro especialista em criar um Rendimento Mínimo Garantido aos produtores de electricidade.
P.S. Há a acrescentar mais este "custo de interesse económico geral" que se chama RTP.
12/10/2010
Obrigado e Parabéns!
A sacrossanta Escola Pública substituiu os crucifixos por ícnones da "religião verde". Nos media, sobretudo na blogosfera, são cada vez mais as vozes que reclamam uma "lei da separação". Eu não tenho falsas expectativas quanto a uma escola "laica". Considero, até, que alguns valores desta religião (como de outras) são defensáveis. Mas abomino o fundamentalismo e é por isso que sou leitor assíduo do EcoTretas. Um serviço público.
30/09/2010
O CV de Oliveira da Figueira
Como diz o povo, está-lhes na massa do sangue!
Depois de ter saído um livro inteirinho sobre o CV de Oliveira da Figueira, a tentação para adornar continua irresistível, como se prova pela "Information provided by the office of Prime Minister José Sócrates". Não falo do background da "aula", nem da "imprecisão" que consiste em tentar passar a ideia de que o sr. «was one of the founders of the youth branch of the Portuguese Social Democratic Party». Vou antes notar duas coisas.
Em primeiro lugar, o curriculum académico está muito (bem) resumido - salta de «he went to Coimbra, where he earned a degree in civil engineering» para «He received an MBA in 2005 from the Lisbon University Institute». Não menciona que o sr. foi um brilhante aluno na Universidade Independente, aprovado com 18 val. a "bad english" ou "bed english" ou "fax english" ou lá o que é.
Em segundo lugar, o curriculum de governante destaca a performance do país nas energias renováveis: «The country's installed renewable energy capacity more than tripled between 2004 and 2009». Ora, segundo os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia, a capacidade instalada das renováveis era de 5676 MW em 2004 e de 9055 MW em 2009. Como dizia o outro, é só fazer as contas - aumentou 60%, bem menos do que os 200% que eles disseram aos americanos.
Depois de ter saído um livro inteirinho sobre o CV de Oliveira da Figueira, a tentação para adornar continua irresistível, como se prova pela "Information provided by the office of Prime Minister José Sócrates". Não falo do background da "aula", nem da "imprecisão" que consiste em tentar passar a ideia de que o sr. «was one of the founders of the youth branch of the Portuguese Social Democratic Party». Vou antes notar duas coisas.
Em primeiro lugar, o curriculum académico está muito (bem) resumido - salta de «he went to Coimbra, where he earned a degree in civil engineering» para «He received an MBA in 2005 from the Lisbon University Institute». Não menciona que o sr. foi um brilhante aluno na Universidade Independente, aprovado com 18 val. a "bad english" ou "bed english" ou "fax english" ou lá o que é.
Em segundo lugar, o curriculum de governante destaca a performance do país nas energias renováveis: «The country's installed renewable energy capacity more than tripled between 2004 and 2009». Ora, segundo os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia, a capacidade instalada das renováveis era de 5676 MW em 2004 e de 9055 MW em 2009. Como dizia o outro, é só fazer as contas - aumentou 60%, bem menos do que os 200% que eles disseram aos americanos.
28/09/2010
O outro relatório da OCDE - 1
Ainda não tive tempo para postar mais algumas impressões do relatório da OCDE sobre educação, e já me vejo obrigado, pela agenda mediática, a postar algumas impressões sobre o Economic Survey...
A primeira impressão é a retórica do investimento em energias renováveis para diminuir o défice, a grande tese mil vezes repetida pelo Ministro das Eólicas e milhões de vezes repetida pelo Simplex.
Numa secção sobre a falta de competitividade da economia e o desequilíbrio na balança comercial, diz o relatório (pp. 27-28) [sublinhados meus]:
«Portugal's large energy balance deficit is due inter alia to structural features such as above-averafe energy dependence and energy intensity [...] To tackle these problems, as well as to reduce CO2 emissions, the government has been actively promoting strong reliance on renewable energy sources and higher energy efficiency. The ambitious targets for 2020 set in the recent National Energy Strategy, which include a 20% reduction in final energy consumption and a fall in energy dependence to 74%, are expected to reduce nete energy imports by around 2000 million euros relative to 2010. Estimating the overall impact in the current account is nonetheless more complex: the fall in energy imports and the development of energy-related industrial clusters with export potential need to be weighed against more expensive electricity from renewable sources and the opportunity cost of resources channelled into renewable energy».
Não basta uma premissa irrealista da supressão de 1/5 do consumo (será que a recessão vai ser assim tão forte?) nos próximos 10 anos para fazer uma estimativa simplex da redução do deficit externo em 2 mil milhões - é preciso saber:
Quanto nos vai custar, em saldo de transações correntes, a electricidade a um preço superior aos concorrentes?
Quanto nos vai custar, em saldo de transações correntes, a canalização de fundos para a "economia verde" em vez da sua canalização para outros investimentos capazes de gerar saldo positivo na balança?
A primeira impressão é a retórica do investimento em energias renováveis para diminuir o défice, a grande tese mil vezes repetida pelo Ministro das Eólicas e milhões de vezes repetida pelo Simplex.
Numa secção sobre a falta de competitividade da economia e o desequilíbrio na balança comercial, diz o relatório (pp. 27-28) [sublinhados meus]:
«Portugal's large energy balance deficit is due inter alia to structural features such as above-averafe energy dependence and energy intensity [...] To tackle these problems, as well as to reduce CO2 emissions, the government has been actively promoting strong reliance on renewable energy sources and higher energy efficiency. The ambitious targets for 2020 set in the recent National Energy Strategy, which include a 20% reduction in final energy consumption and a fall in energy dependence to 74%, are expected to reduce nete energy imports by around 2000 million euros relative to 2010. Estimating the overall impact in the current account is nonetheless more complex: the fall in energy imports and the development of energy-related industrial clusters with export potential need to be weighed against more expensive electricity from renewable sources and the opportunity cost of resources channelled into renewable energy».
Não basta uma premissa irrealista da supressão de 1/5 do consumo (será que a recessão vai ser assim tão forte?) nos próximos 10 anos para fazer uma estimativa simplex da redução do deficit externo em 2 mil milhões - é preciso saber:
Quanto nos vai custar, em saldo de transações correntes, a electricidade a um preço superior aos concorrentes?
Quanto nos vai custar, em saldo de transações correntes, a canalização de fundos para a "economia verde" em vez da sua canalização para outros investimentos capazes de gerar saldo positivo na balança?
22/08/2010
Conflito ambiental

Nota: veja aqui os benefícios económicos da exportação da energia produzida pelo vento.
Claro que a ministra nem questiona os benefícios ambientais, nem se dá ao trabalho de os justificar, apresentando com naturalidade o propósito de duplicar o número de aerogeradores instalados. Por três razões: 1) Porque sim; 2) para «atingir os 31% de quota de energias renováveis até 2020»; 3) por causa daquela treta de «"reforçar a posição de Portugal como referência" no sector das energias renováveis».
Hélas, «os ambientalistas alertam que (...) "A partir de agora haverá um maior impacto sobre locais de valor natural elevado"». No fundo, "os ambientalistas" esperam que passe a febre das eólicas - «"A Quercus espera que esta quota nunca seja atingida para não se prejudicar as áreas protegidas em Portugal"».
Depois de se terem mostrado «escandalizadas com esta campanha que claramente tenta branquear os inúmeros impactes ambientais fortemente negativos e irreversíveis associados à construção das barragens», as organizações ambientalistas reconhecem (agora?) «o impacto dos equipamentos [de produção de energias ditas renováveis] no meio ambiente». De vez em quando, a dissonância cognitiva emerge no seu discurso oficial... afinal, que planeta vamos nós "salvar" se, para reduzir a emissão de um gás natural, tivermos de aniquilar vastas áreas naturais e rurais?
Nota 1: Mantém-se a actualidade das perguntas que fiz num post de Abril de 2009
Nota 2: Já que o interior de Portugal é para queimar, uma campanha de substituição de Ensino por Energia talvez não fose descabida. Por cada escola encerrada, instala-se um aerogerador. Os municípios que encerrem todas as EB's fora da sede de concelho, terão direito a uma barragem. Será esta a nova estratégia de defesa do território. As albufeiras não ardem e o «dispositivo» de combate a incêndios dá prioridade à defesa dos aerogeradores...
20/08/2010
Orvalhadas

Orvalho, originally uploaded by Beijokense.
O orvalho forma-se quando o vapor de água excede o limite que o ar consegue reter, para uma dada temperatura. É comum a formação de orvalho nas plantas pelo facto de, durante a madrugada, elas arrefecerem rapidamente e provocarem a condensação no ar à sua volta.
Em Portugal, o fenómeno é frequente nalguns verões, mas noutros torna-se mais raro, isto porque a temperatura mínima do ar se mantém elevada e/ou a humidade é baixa. É isso que aconteceu no último mês, ao contrário do que tinha acontecido em igual período do ano passado:
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No ano passado, o mérito pela escassez de incêndios cabia ao Governo e não a um Verão particularmente fresquinho. Este ano, a culpa pela devastação em curso é do calor tórrido, dos criminosos, dos negligentes e do "aquecimento global": não é do Governo. Aparentemente, a acção preventiva da tutela reflecte-se nos sucessos, não nos fracassos.
É perfeitamente compreensível que o S. Pedro nos vire as costas e obrigue certos xamãs a dançar para outros manda-chuvas.
12/08/2010
26/07/2010
Carros renováveis
A propaganda da EDA fez passar a ideia de que «Renováveis podem assegurar 75% da produção eléctrica nos Açores em 2018».
É evidente que há um "pequeno" problema com estas contas - ou os açorianos ficam às escuras quando falta o vento, ou tem de se instalar uma capacidade de produção muito superior ao consumo médio. Parece ser esta a opção: «É por isso que, quando a capacidade instalada permitir uma produção renovável correspondente a 60 por cento do total, haverá ocasiões em que, se não houver armazenamento, terão que ser desligados aerogeradores.»
«Face a estes condicionalismos e para potenciar o aproveitamento de energia em excesso em horas de baixo consumo, a EDA aposta na introdução de veículos elétricos no arquipélago». Pergunto eu: não seria mais racional a introdução de veículos à vela?
É evidente que há um "pequeno" problema com estas contas - ou os açorianos ficam às escuras quando falta o vento, ou tem de se instalar uma capacidade de produção muito superior ao consumo médio. Parece ser esta a opção: «É por isso que, quando a capacidade instalada permitir uma produção renovável correspondente a 60 por cento do total, haverá ocasiões em que, se não houver armazenamento, terão que ser desligados aerogeradores.»
«Face a estes condicionalismos e para potenciar o aproveitamento de energia em excesso em horas de baixo consumo, a EDA aposta na introdução de veículos elétricos no arquipélago». Pergunto eu: não seria mais racional a introdução de veículos à vela?
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