Através do EcoTretas, cheguei a um artigo do Público onde se explica como o Estado se financia cobrando aos operadores de produção eléctrica uns milhões à cabeça, pagos depois às prestações pelos consumidores de electricidade:
«O Estado encontrou uma nova fonte de receita na concessão das novas grandes barragens. As licenças para Iberdrola, Endesa e EDP totalizaram 624 milhões de euros de encaixe financeiro e foram utilizados para despesa pública geral. Com os concursos para as centrais mini-hídricas e solares fotovoltaicas, que têm de estar fechados até final do ano, o Estado assumiu que procurava a "mais alta contrapartida financeira", como explicita no anúncio do concurso, e espera arrecadar mais 110 milhões de euros ou um pouco mais, sendo verbas que vão servir, de novo, para fins fora do sistema eléctrico.»
«O Estado está a usar os promotores de energias renováveis como financiadores e fixa-lhes tarifas garantidas ao longo de anos para se ressarcirem do dinheiro (...)
Para além de dar valores mais atractivos para a tarifa garantida, como compensação futura, o Governo, em alguns casos, tem alargado o prazo dessa garantia bem como o das concessões.»
Uma pequena fatia destes milhões usados "fora do sistema eléctrico" serve para calar os autarcas dos locais de concessão - prejudica-se a lontra, lixa-se o mexilhão (de água doce, neste caso), mas haverá mais uma estrada alcatroada, um polidesportivo ou um museu etnográfico para inaugurar, algo precioso neste tempo de vacas magras.
Os dados do PISA, quando colocavam Portugal em maus lençóis, eram vistos com descrédito. Agora que os colocam num berço de ouro, todos puxam os méritos como quem puxa o carvão para assar a sua sardinha. Estamos hoje perante um caso semelhante ao daqueles pais que se o filho se dedica, estuda e obtém bons resultados se apressam imediatamente a dizer "Ah! O meu filho é muito inteligente!" mas que, se o filho preguiça, não estuda e os resultados ficam aquém do esperado, não hesitam em protestar dizendo "o professor é um burro!". Também temos aqui os que tão rapidamente dizem que Sócrates é Besta como é Bestial... Até aqui, os professores é que eram os culpados pelos resultados dos alunos. Porque os resultados educativos custam a aparecer. Afinal, contrariamente ao que a Maria de Lurdes defendia, concluímos que só são da responsabilidade dos professores quando os resultados são negativos... Se são positivos, o mérito vai para a absurda a ministra, mesmo que tenha contribuído para o pior estado da Educação... Os resultados em nada constatam que estejamos melhor que antes. Apenas nos dizem em que posição estamos comparativamente com os outros... Da mesma forma uma empresa que se aguenta acumulando dívidas não significa que esteja bem só porque a sua vizinha do lado já abriu falência! Se Maria de Lurdes não tivesse desmotivado os professores hoje teríamos uma recuperação muito superior e não apenas de meia dúzia de pontos do ranking. Com outra motivação de alunos e professores, bem poderíamos ter subido 15 ou até 20 pontos no ranking. Assim, ficamos contentes porque outros perderam posições no ranking! É como nos campeonatos de futebol. O que importa não é um clube estar melhor que no ano anterior. Basta que os adversários estejam piorou perca pontos. E a crise atacou a Espanha mais que Portugal... Claro, Espanha que recebeu imensos imigrantes e os testes do PISA incluem todos os jovens de 15 anos! Alguém contradiz isto? Salários dos Professores na OCDE - Verdade ou Mentira ?
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