31/05/2009

As minhas escolhas

Há muito que esperava pela saída de um livro como este. A expectativa era tão grande que esta semana fiz a escolha em regime de exclusividade:


Portugal: Ensaios de História e de Política
Alêtheia, 16€
Diz-se que é uma «obra fundamental para a compreensão do século XIX e XX português [sic]», mas é-o também para compreender as principais características do regime político e da estrutura económica do Portugal deste início do séc. XXI.
Dedico esta escolha a todos os que têm orgulho de residir numa rua chamada Miguel Bombarda (topónimo com dupla ocorrência na minha freguesia) e espero que da sua leitura resulte uma visão diferente sobre os méritos da I República. Como aperitivo, aqui fica a justificação do autor para as comemorações da implantação da República que estão prometidas para o próximo ano: «certos republicanos, eram antisalazaristas e começou a criar-se a lenda de que se a ditadura salazarista era má a ditadura republicana, a que ninguém chamava ditadura, era boa».

A boa energia

Segundo o Ministério da Economia e da Inovação, Portugal é «um dos países mais avançados do mundo» na área das energias renováveis. Este milagre deve-se à orientação política verde do partido rosa. O PS fará o possível e o impossível para parar o aquecimento global e tem insistido que o investimento na produção de energia tem efeitos na redução do défice a longo prazo, graças ao «aumento da autonomia energética».

Pode ler-se num blogue socialista:
As políticas energéticas requerem alterações drásticas e conscientes nos hábitos de gasto energético, no parque edificado privado e público passando por soluções de isolamento térmico, reabilitação, água quente solar bem como na escolha da iluminação. A nossa política de mobilidade é uma catástrofe rodoviária, é evidente a necessidade de eliminar vícios e erros insustentáveis.
(...)
Porque cada cidadão tem notório impacto nos consumos de energia, devemos todos agir numa lógica de sustentabilidade e autonomia energética.

Perante isto, só mais uma campanha negra da Lusa poderia dar à luz esta notícia: PS sem solução para o problema do calor nos seus comícios à norte-americana.

Detalhemos o gravíssimo problema do sobreaquecimento eleitoral do PS:
  1. O PS contrata americanos para fazer comícios à americana.
  2. O «estilo norte-americano» exige «uma forte intensidade de luz». Este "notório impacto nos consumos de energia" [digo eu] justifica-se pelas «vantagens em termos de efeitos visuais que este tipo de comícios tem sobretudo para o telespectador - três mil pessoas dão facilmente a sensação de multidão».
  3. Esta «forte intensidade de luz» provoca «um calor tremendo no interior dos recintos», o tal para o qual o PS não tem solução.
  4. «Segundo fonte da candidatura de Vital Moreira, nos últimos tempos o PS ainda tentou atenuar o problema do excessivo aquecimento com a contratação de uma empresa para instalar ar condicionado [com "notório impacto nos consumos de energia", digo eu] , mas as poucas existentes no país neste ramo estavam já cheias de encargos nesta época de Verão.»
  5. «de acordo com um socialista da caravana, [no comício de ontem em Braga] o recinto chegou a atingir os 48 graus».
  6. Na sequência desta insuportável temperatura, «cerca de um terço dos presentes no pavilhão do Académico de Braga abandonaram o espaço a meio do discurso de encerramento do cabeça de lista do PS às europeias, Vital Moreira.»

Tenho para mim que, com estes comícios quentes, os estrategas da campanha socialista matam dois coelhos de uma cajadada:

  1. Provocam os benéficos efeitos visuais para os telespectadores irresponsáveis que consomem energia a ver notícias da campanha em salas arrefecidas por ar condicionado que instalaram quando as empresas do ramo estavam vazias de encargos.
  2. Provocam os benéficos efeitos nos espectadores ao vivo de lhes proporcionar uma boa desculpa para não terem de ouvir os discursos de Vital Moreira.

Perante tais benefícios, a "lógica de sustentabilidade e autonomia energética" pode esperar mais uma semanita.

30/05/2009

Maus vizinho

O Dia dos Vizinhos já foi há quatro dias, mas só agora tive conhecimento desta história do vizinho Maus. Deliciosa. Link

Nota: a "notícia" tem todo o ar de ser uma "peta", mas é adequada para a minha dedicatória ao Dia dos Vizinhos ;)

Sobre sondagens

Há uns anos, questionava eu um médico que me dizia que os resultados de análises ao sangue eram óptimos:
Eu: - Mas, sôtor, o valor de X não está acima do limite superior dos valores de referência?
Médico: - Ó meu amigo, isso é uma diferença cagagesimal!

Desde então, esta expressão ocorre-me frequentemente para qualificar as diferenças de estimativas pontuais nas sondagens eleitorais, analisadas pelos jornalistas à décima de ponto percentual. Por exemplo, é habitual os jornalistas escreverem que o candidato A subiu ou desceu 0,5% (entenda-se 0,5 pontos percentuais) da sondagem anterior para a sondagem actual e até construirem grandes dissertações sobre as causas da subida ou da descida. Ora, se as sondagens eleitorais cumprissem os requisitos para serem consideradas 'probabilísticas', o que não acontece, a estatística dir-nos-ia que tal diferença é menos do que cagagesimal. Na linguagem que os estatísticos usam, diz-se que não se pode rejeitar a hipótese de que a diferença entra as percentagens obtidas pelo candidato na sondagem 1 e na sondagem 2 seja zero. De outro modo, poder-se-ia dizer que há 'grande' probabilidade de que a percentagem de A na população seja igual no momento da sondagem 1 e no momento da sondagem 2. Isto acontece em todas as variações reportadas no Expresso, comparando as sondagens divulgadas nas duas últimas edições deste semanário. O que quero dizer, portanto, é que, na maioria das vezes, este exercício de comentar subidas e descidas é construído sobre diferenças nas amostras que não se pode garantir com um mínimo de confiança que correspondam a diferenças na população.

Em períodos eleitorais discute-se muito sobre a validade dos resultados das sondagens. Há uma discussão que é estatística (para nerds, como se diz neste blogue, onde reside uma parte dessa discussão), centrada em "intervalos de confiança", "margens de erro", "significância [das diferenças]". Aconselho todos os interessados no assunto a visitar o referido blogue. Há outra parte que é política e que habitualmente envolve suspeitas sobre a isenção das organizações que fazem as sondagens - curiosamente, este tipo de discussão preocupa-se menos com a falta de rigor com que os resultados das sondagens são "analisados" por jornalistas e comentadores! Não quero entrar agora em nenhuma dessas discussões, mas antes num assunto que fica entre ambas e que se traduz em falta de precisão ou mesmo em falta de validade das sondagens provocada por "erros" que nada têm que ver com o erro de amostragem e que, por isso, não podem ser medidos pelos estatísticos...

As discussões "para nerds" que envolvem fracções, raízes quadradas e até letras gregas, partem de um pressuposto não verificado e que costuma ser escrito desta forma: "todas as unidades de sondagem [neste caso, eleitores] têm uma probabilidade conhecida e não nula de pertencer à amostra". De facto, não se sabe qual é a probabilidade de cada eleitor ser seleccionado para a amostra, sendo este um dos factores de erro importantes que referi. O outro é a formulação das questões, o que devia ser trivial, mas parece que não é. Vou ilustrar com a sondagem publicada hoje no Expresso.

Em primeiro lugar, diz a ficha técnica que «O Universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e Regiões Autónomas, e habitando em lares com telefone da rede fixa». Ficam de fora os eleitores que residem nos cerca de 30% de lares sem telefone fixo. Mas vamos admitir que essa exclusão não afecta em nada a capacidade de generalização dos resultados.
Em números redondos, sabe-se que foram feitas 3000 tentativas de entrevista e concluídas 2500 entrevistas. Esta taxa de resposta é anormalmente elevada, segundo os padrões internacionais para entrevistas telefónicas. Dos que responderam, 500 foram considerados abstencionistas porque (ainda?) não sabem ou não responderam em que partido votariam. As percentagens foram, deste modo, estimadas a partir de 2000 respondentes.
O histórico das eleições para o Parlamento Europeu e a opinião de analistas convergem na ideia de que dificilmente a abstenção será menor do que 60%, ou seja, mantendo a redondeza dos números, há 1000 respondentes à sondagem que deveriam ter-se abstido! Ou seja, além de termos muito mais respondentes do que seria "normal" com apenas 3000 tentativas de entrevista, temos o dobro de "votantes", relativamente ao que seria de esperar com 2500 respondentes. Dito de outra forma, poderá verificar-se uma ou ambas das condições seguintes:
  1. Metade dos inquiridos que manifestaram intenção de votar não o irão fazer;
  2. A base de sondagem está enviesada de modo a favorecer a probabilidade de resposta e/ou de o respondente não ser abstencionista.

Num plano especulativo, porque não conheço o questionário nem os números brutos da sondagem, apenas as percentagens dos resultados e a ficha técnica divulgadas pelo Expreso, poderei dizer que a condição 1. (podendo depender de 2.) depende das perguntas efectuadas - se houver uma pergunta-filtro sobre a intenção de votar / abster e só se perguntar o voto aos não-abstencionistas encontra-se um resultado; se houver apenas uma pergunta sobre a intenção de voto nas listas, o resultado é diferente.
No que respeita à condição 2., há que saber como se constroem as bases de números de telefone a partir das quais se seleccionam os lares e quais são os mecanismos ditos aleatórios de selecção. Sobre este assunto, por acaso (?) tenho uma experiência pessoal a relatar: no espaço de cinco meses, o meu n.º de telefone foi seleccionado quatro vezes pela mesma empresa para sondagens de opinião sobre diversos assuntos, dois dos quais opiniões sobre política. Não sei quantas sondagens a dita empresa fez nesse período, mas sei que a probabilidade de o mesmo n.º ser seleccionado quatro vezes é mesmo muito baixa... a não ser que a condição 2. seja mais do que uma mera suspeita infundada...

26/05/2009

Sua excelência

Junta-te a nós, professor,
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
O nosso azul computador
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
O nosso azul computador.
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o Sócrates brilhará para todos nós!

«Estamos a assistir a uma revolução na educação» afirmou Vital Moreira no final de uma visita à Escola Básica Paulo Quintela de Bragança. Espera-se que o candidato clarifique a classificação da revolução - será uma Grande Revolução Cultural?
Mas ter dito que «o PS escolheu de propósito um distrito do interior para mostrar como a excelência não escolhe territórios» é a mesma coisa que dizer que a EDP constrói barragens para proteger o ambiente ou que o ovo Kinder é aconselhado às crianças porque tem mais leite e menos cacau. Eu não nego a revolução. Mas eu próprio me revolto quando um professor universitário tem a suprema lata de associar o conceito de excelência à revolução em curso.

25/05/2009

Ah pois 'tou!

Quem o diz é Rui Tavares, na sua coluna de opinião na última página do Público. Concordo. Entre muitos enganos, estou enganado porque os partidos escrevem uma coisa nos chamados "documentos programáticos" e fazem outra, muitas vezes o oposto, na sua prática política. Mas o engano que me levou a escrever este post é ilustrado pelo último parágrafo daquela crónica: «Vá votar noutro (ou noutra). Não vote em mim».

Os partidos não se decidem sobre qual dos Vitais tem razão: o Vital que defende a liberdade e responsabilidade do deputado ou o Vital que defende que o deputado é apenas um número sujeito a disciplina de voto (vulgo carregador de botões). Enquanto isso, eu não posso votar em Rui Tavares, nem noutro, nem noutra, só posso votar em partidos. Eu não posso votar em Ariana Meireles, porque ela aparece em 19.º lugar numa lista em que Rui Tavares é 3.º. Eu não quero votar PS porque não quero eleger um senhor Manuel dos Santos, que uma vez se me dirigiu do volante de um Mercedes de matrícula belga para pedir uma informação e se esqueceu de me agradecer! E não poderia votar PS, mesmo que concordasse com os "documentos programáticos", sem eleger esse senhor.

Espero que um dia seja possível votar num partido e em candidatos dentro das listas partidárias. Sentir-me-ei menos enganado.

24/05/2009

Foto da semana

Foto do rio Olo, nas chamadas Fisgas, Parque Natural do Alvão.
Elejo-a como foto da semana por ter sido divulgada a proposta do WWF España para desmantelar 20 barragens de modo a «restaurar los ríos de nuestro país para mantener su biodiversidad, reconstruyendo los ecosistemas afectados por las presas». Ou seja, um avanço relativamente à posição que já era conhecida de alerta para os efeitos negativos das barragens que o plano hidrológico espanhol projecta para os parques naturais e áreas protegidas.
Esta foto, que fiz numa das minhas caminhadas pelo PNA, capturou uma vista que deixará de ser possível se vier a concretizar-se o transvase das águas do rio Olo para a bacia do rio Torno/Louredo de modo a alimentar os caudais na barragem de Gouvães (Iberdrola). Perder-se-á um belo rio cujas águas refrescantes são bastante apreciadas por estrangeiros! Pelo menos, até haver um plano para desmantelar a barragem de Gouvães e "libertá-lo".

22/05/2009

Fiquei surpreendido

Não comigo... mas com os partidos!

Fonte

De Espanha, nem bom vento, nem bom exemplo

Esta semana surgiram duas notícias aqui do país vizinho que sinalizam os problemas de sustentabilidade da "economia verde" que tenho referido aqui nas Escolhas. Usando os títulos do suplemento Ecosfera do Público:
  1. Crise obriga a parar parques eólicos
  2. WWF propõe demolição de 20 barragens em Espanha para recuperar os rios

Ao que parece, há sobreprodução de energia e para-se a produção de energia "limpa", mantendo-se a produção de energia "suja". Isto não dá que pensar???

21/05/2009

A TVer

Como há muito não fazia, ontem dediquei a maior parte do serão, com breves interrupções, aos canais da TV portuguesa.

Começando pelo fim, vi uns poucos minutos da conversa soarista, a tentar perceber que raio fazia aquele programa na RTP1 numa altura destas? Luis Melo escreveu uma das respostas possíveis.
Antes, vira Directo ao Assunto quase integralmente. Parece mesmo um programa que respeita o pluralismo ASS (isto não é uma palavra inglesa, é o acrónimo do ministro):
Tavares representa a esquerda malhada por ASS, uma esquerda intelectual ou, pelo menos, a esquerda das ideias;
Rangel representa a Congregatio pro Doctrina Fidei;
Amorim defende o FCP.
Maior pluralismo com apenas três comentadores seria imposível.
Rangel está no sítio certo para cumprir a sua missão, com recurso a cábulas por falta de teleponto, mas os outros dois denotam a diferença que há entre escrever e debater na TV ao vivo - um bom bloguista pode não ser um bom comentador de TV. Talvez se safassem na discussão de ideias, mas não me parecem muito à vontade para debater notícias da actualidade.
No programa de ontem, achei caricato ver os três a tecer loas à credibilidade e independência do Instituto Nacional de Estatística, quando o assunto directo seria o chamado apagão no Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Duas horas antes, na SICN, Bagão Félix, que certamente também lerá os seus livros e jornais, mesmo não sendo visto com eles debaixo do braço, mostrou que distingue muito bem inquéritos do INE e registos dos centros de emprego e disse a esse respeito algo de significante: até 2006, os números do IEFP eram sistematicamente superiores à estimativa do INE; a partir de 2006, passou a verificar-se sistematicamente o contrário. Ele não sabe por quê, eu tão pouco, mas o partido pelo qual Rui Tavares é candidato tem uma explicação plausível.
Félix fez outra afirmação com significado e que mereceria ser discutida directo ao assunto: os actuais governantes têm uma atitude cobarde ao garantirem o seu bem-estar diferindo os respectivos custos para as futuras gerações. Acrescento que vale a pena enumerar e ordenar as coisas que, usando os termos do sr. Primeiro Ministro, «ninguém nos perdoaria se, daqui a 15 ou 20 anos».

20/05/2009

Espaço privilegiado de propaganda

«A relação entre as Obras Públicas e o progresso de uma sociedade é uma matéria tão importante quanto diversa e complexa. (...) parece-nos pertinente a organização de um Fórum sobre o impacto das novas Obras Públicas no desenvolvimento da região de Trás-os-Montes e Alto Douro e que intitulamos “O FUTURO É HOJE”, pretendendo que este evento constitua um espaço privilegiado de reflexão ao nível de vários domínios que suportam a actividade académica, científica, empresarial, organizacional e estratégica do sector.»

Este é um extracto de um texto que enuncia os "objectivos" de um "fórum" organizado pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da UTAD.
O evento é patrocinado por:
EDP, Iberdrola, Mota-Engil, Soares da Costa e Somague.
Como se pode ver no programa, em primeiro lugar haverá uma mesa redonda com a participação de:
EDP, Iberdrola, Mota-Engil, Soares da Costa e Somague;
e depois serão apresentados os empreendimentos e infra-estruturas por:
EDP, Iberdrola, Mota-Engil, Soares da Costa e Somague.

O suposto "espaço privilegiado de reflexão" é, portanto, propaganda, i.e. informação que procura evidenciar apenas os aspectos positivos daquelas marcas. O Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da UTAD está no direito de organizar os eventos que quiser, mas, se tivesse intenção de organizar um que pudesse constituir um "espaço privilegiado de reflexão", certamente teria convidado para a mesa redonda alguma das organizações que se opõem à construção das barragens que serão apresentadas pela EDP (Sabor e Tua) e Iberdrola (Alto Tâmega). Até poderia ter convidado professores daquela universidade que reconhecidamente têm manifestado os impactes negativos desses projectos ou discutido a sustentabilidade de pequenos empreendimentos hidroeléctricos.

18/05/2009

Numerofilia

Paulo Rangel admitiu hoje no Parlamento «que tenha havido intencionalidade» no apagão de 15 mil desempregados "do sistema". «Confrontado com o facto de o IEFP invocar que se tratou de um erro, Paulo Rangel reiterou que “é uma coincidência infeliz que evita chegar ao meio milhão de desempregados”, e defendeu que “é preciso esclarecer o que se passou”.» Diz a Lusa, segundo a notícia do Público.
Se realmente evitasse "chegar ao meio milhão de desempregados", teria sido uma coincidência extremamente feliz! Dito como foi (ou como a Lusa diz que foi), até parece que Rangel estaria mais feliz se o número oficial tivesse já ultrapassado o meio milhão. Assim se compreende a importância dos detentores das estatísticas - para além do sono do Primeiro Ministro, os números ditam a felicidade ou a infelicidade do PS e da oposição. Na educação ou no "plano tecnológico", moldam-se as estatísticas a conclusões encomendadas, bastas vezes difundidas por jornalistas ineptos. Na economia, dada a própria consubstanciação do número na realidade, actua-se mais directamente sobre a produção estatística, embora também se recorra a alguma cirurgia estética.
Todo este trabalho por causa de uma crença infundada: é ao Governo que se deve tudo o que de bom e de mau acontece na economia e na sociedade. Como se os agentes económicos e sociais se orientassem principalmente pelas políticas... Duh!

P.S. Vale a pena ver a ilustração de numerofilia na Assembleia da República numa foto de nasty_pixel

As minhas escolhas

Com algumas horas de atraso, as escolhas da semana são inspiradas na vinda a Viseu de Edgar Morin, no próximo dia 22:

Educar para a Era Planetária
Piaget, 9,45€
«(...)a nossa formação escolar e universitária continua a fazer de nós cegos políticos e impede-nos de assumir a nossa condição terrestre». Para refrear o entusiasmo das Novas Oportunidades e das estatísticas sobre "qualificação" e "certificação".


Introdução ao Pensamento Complexo
Piaget, Esgotado?
«Os problemas humanos são abandonados não apenas a este obscurantismo científico, que produz cientistas ignaros, mas também a doutrinas obtusas que pretendem monopolizar a cientificidade com ideias-chave tanto mais pobres quanto pretendem abrir todas as portas como se a verdade estivesse encerrada num cofre-forte de que bastaria possuir a chave».

16/05/2009

Foto da semana

A linha do Tua volta a estar em foco na Foto da Semana, já que, de acordo com um despacho da Lusa (Público - ecosfera), a Declaração de Impacto Ambiental divulgada esta semana sustenta que «de modo a garantir e salvaguardar os interesses e a mobilidade das populações locais e potenciar o desenvolvimento socioeconómico e turístico, a DIA obriga a que seja assegurado o serviço de transporte público da linha férrea do Tua no troço a inundar».

Registo que seja preciso inundar as linhas existentes para que o Estado se preocupe com «os interesses e a mobilidade das populações locais». Quanto ao desenvolvimento turístico, o assunto merecerá atenção, brevemente, em post próprio...

Foto @Brunheda, Março de 2008


Dos 5 aos 18

A propósito do projectado alargamento da escolaridade obrigatória para o 12.º ano / 18 anos de idade, tem perpassado a ideia (por exemplo, aqui) de que esta medida:
(i) está em vigor na maioria dos países europeus e, (ii) particularmente, naqueles cuja população activa é mais qualificada.
A primeira afirmação é evidentemente falsa. A segunda também não é verdadeira, pelo menos a julgar pelo indicador que o próprio Ministério da Educação apresenta para a justificar - a taxa de saída precoce do sistema de ensino, i.e. a percentagem de jovens entre os 18 e os 24 que não completaram o secundário e não estão no sistema.
O ME produziu um "Documento de trabalho para a Audição de Peritos" (audição de peritos depois de tomada a decisão!) - disponível em PDF aqui - onde apresenta uma tabela com a escolaridade obrigatória (em anos de escolaridade e em idades limite) e as taxas de saída precoce. Eis a transcrição do documento no que respeita à leitura da tabela:
«A relação entre os anos de escolaridade obrigatória e o abandono escolar precoce não é linear. Assim, numa abordagem cruzada da duração da escolaridade obrigatória e das taxas de abandono escolar precoce, é possível dizer que não havendo uma correlação visível entre a duração da escolaridade obrigatória e os resultados escolares medidos pelo abandono escolar precoce, os países com elevadas taxas de abandono são – exceptuando Malta – países com escolaridade obrigatória de duração relativamente curta. Estes resultados não desaconselham, antes pelo contrário, a introdução da escolaridade obrigatória até aos 18 anos ou até à conclusão do secundário em Portugal. Porém, experiência de outros países mostra que não basta essa obrigatoriedade para obter os resultados esperados. De facto, são vários os factores que interferem negativamente no abandono escolar precoce e, se nenhum deles resulta da duração mais prolongada da escolaridade obrigatória, muitos podem condicionar os respectivos efeitos.»
Os acérrimos defensores do alargamento aos 18 anos não costumam citar esta leitura, nomeadamente que "são vários os factores que interferem negativamente" na suposta relação negativa entre obrigatoriedade e saída precoce, para a qual o documento afirma não haver "correlação visível".
Voltando ao documento, registo que, não vendo a tal correlação, os autores permitem-se concluir que «os países com elevadas taxas de abandono são – exceptuando Malta – países com escolaridade obrigatória de duração relativamente curta.» Noto o relativamente e a excepção maltesa :) e acrescento que essa conclusão não é indubitavelmente fundada nos dados apresentados. Para mais fácil leitura, apresento os dados publicados no documento no gráfico abaixo, ordenado pela taxa de saída, representando a vermelho os países com 12 ou 13 anos de escolaridade obrigatória, a azul os que têm 10 ou 11 anos de escolaridade obrigatória e a preto aqueles onde a escolaridade obrigatória não ultrapassa os nove anos.


Se nos concentrarmos não nos países com maior taxa de saída, mas, pelo contrário, nos que têm maior taxa de conclusão do secundário, poderemos reescrever a conclusão do documento, desta forma: os países com as mais baixas taxas de abandono são – exceptuando a Polónia – países com escolaridade obrigatória de duração relativamente curta. Isso é bem visível na parte inferior do gráfico, no primeiro quartil (saída < 10%).

Qual das conclusões é mais "manipuladora" - a minha ou a dos autores do documento para audição de peritos?

14/05/2009

Está tudo ligado à net

Fiquei estupefacto quando hoje li os títulos de diversos media portugueses sobre um "Inquérito feito pela SurveyShack a pedido da Microsoft":

Jornal de Negócios: Três em cada quatro portugueses estão ligados à Net
RTP: Portugueses são os europeus que estão mais tempo ligados à Internet com o impressionante subtítulo: "Estudo revela que os portugueses são o povo europeu com maior ligação à Internet"
Diário Digital: Estudo: Portugal é o que tem mais cibernautas online
Público: Portugueses entre os europeus que mais utilizam a Internet
[edit 14-5-2009 22:56UTC]Entretanto, esta notícia do Público ficou sem conteúdo, mantendo-se apenas a de João Pedro Pereira que corresponde à versão impressa do jornal[/edit]

Nenhum jornalista se perguntou como poderiam ser verdadeiros os números que receberam (da Microsoft?). Isto devia ser preocupante para os media - demonstra que os jornalistas, esses sim, passam demasiado tempo online e sobra-lhes pouco para pôr os pés no chão.

Vejamos um exemplo da prosa, neste caso, no Público:«Além de revelar que três em cada quatro cibernautas portugueses estão sempre ligados à Web e um quinto (19 por cento) dos inquiridos lusos passa mais de cinco horas online, o estudo demonstra que 14 por cento dos internautas portugueses estabelece ligação à Web mais do que duas vezes por dia e 22 por cento passa uma a duas horas durante uma sessão normal na Internet.»
É difícil (pelo menos, para mim!) compreender como a informação contida neste parágrafo não é contraditória, mas mais difícil se torna quando, mais abaixo, a mesma notícia do Público diz que «39 por vento [sic] passam entre sete e 15 horas online por semana». Ora, eu imagino que quem passe entre sete e 15 horas não possa ser incluído nos que «estão ligados à Web em permanência», que são 76%; só a soma destes dois grupos já dá 115% de cibernautas!

Mas o prémio de ligado à net vai para a notícia da RTP: «Um inquérito da Microsoft refere que um em cada cinco portugueses passa mais de cinco horas por dia a navegar no ciberespaço. (...) É um dado revelador, já que o mesmo estudo conclui que um em cada quatro utilizadores da Internet na Europa passa entre sete e 15 horas online, mas por semana

Ora bem, a vantagem de "estar online", é ter acesso a informação que desmente completamente esta notícia, ou melhor, a forma como é apresentada, com títulos verdadeiramente fantasiosos. É preciso, em primeiro lugar, dizer que este "Inquérito feito pela SurveyShack a pedido da Microsoft" foi feito online, i.e. responderam cibernautas que passam tanto tempo online que até ocupam algum desse tempo a responder a inquéritos. Em segundo lugar, convém dizer que há inquéritos harmonizados na UE sobre a frequência de utilização da Internet, os quais revelam que a posição dos portugueses é na cauda da Europa, muito longe de sermos «o povo europeu com maior ligação»! Em Portugal, o inquérito é realizado pelo INE (metodologia disponível aqui) e os resultados são apresentados pela UMIC (aqui). Para comparações com a Europa, supostamente liderada por nós :), estão disponíveis os dados no Eurostat (aqui).

Então, começando pela notícia da RTP que ganhou o prémio, os números mostram que, considerando apenas os portugueses entre os 16 e os 74 anos que utilizaram Internet nos últimos três meses, 20% esteve online menos de uma hora por semana e 53% menos de 5 horas por semana. Apenas um quarto dos cibernautas portugueses passou mais de 20h online por semana.

Estes são os resultados dentro da população que utilizou internet pelo menos uma vez no trimestre de referência. O pior para a suposta liderança portuguesa é precisamente essa fatia da população que acede à net. 29% dos portugueses entre os 16 e os 74 anos acede à net "todos os dias ou quase todos os dias"; na UE27, são 43%. 38% dos portugueses entre os 16 e os 74 anos acede à net "pelo menos uma vez por semana"; na UE27, são 56%.

Aqui fica a demonstração de como a utilização da net é menor em Portugal do que na Europa. Ela é idêntica até aos 24 anos, mas depois é que são elas...

13/05/2009

Assessores míopes, assessorado insone

O Primeiro Ministro de Portugal vem produzindo declarações que justificam cabalmente os problemas de orientação da governação deste país.

Na famosa cumbre de El Salvador, revelou que «todos os meus assessores usam este computador», ou seja, o Classmate PC (vulgo Magoolhães), propenso à «síndrome da visão de computador» e ao «aumento da prevalência da miopia».
Ontem, na inauguração de um Centro Social Paroquial (!), reconheceu que «não durmo a pensar nisso» [desemprego]. O sr. Primeiro Ministro identifica-se assim com os portugueses em geral, que «são os que dormem pior por causa da crise». Ora, como bem diz a presidente da Associação Portuguesa de Sono, a insónia provoca «irritabilidade, diminuição do desempenho no trabalho, falta de concentração, esquecimento», sintomas que o Primeiro Ministro tem profusamente revelado.

Caros concidadãos, quereis continuar a ser governados por um Primeiro Ministro insone assessorado por míopes?

12/05/2009

Namoro turco

Caro JMF, "conquista" faz-me lembrar a espada de Osman. Prefiro dança do ventre.

Casamento? O método costumeiro que atribui à família da noiva a responsabilidade de escolher o consorte arrisca-se a “enfrentar obstáculos e resistências das opiniões públicas”, seguramente maiores do que as dos "obstáculos e resistências" ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Aconselha-se, portanto, "alguma paciência". E, já agora, que outros costumes não interfiram nas bodas.

ABC das reuniões

O jornalista Nelson Morais afirma no JN que «O inquérito requerido pelo Conselho Superior do Ministério Público, a 7 de Abril, conclui que o presidente do Eurojust, Lopes da Mota, pressionou os procuradores do Freeport e deve ser alvo de um processo disciplinar.» O currículo de Lopes da Mota, nomeadamente o arquivamento de um processo anterior, pode ser visto aqui.

O Público refere que ABC confirmou, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, «um encontro com Lopes da Mota na semana em que este terá conversado com os dois procuradores do Freeport», mas isso tratar-se-á de uma mera coincidência.

Mais interessante é o ministro ABC ter dito na mesma Comissão que «nos últimos anos, reunira-se "dezenas de vezes" com o presidente do Eurojust». Nelson Morais «questionou Alberto Costa sobre a agenda desses encontros e as competências reservadas ao Governo no relacionamento com o Eurojust», não tendo obtido esclarecimentos adicionais. O jornalista estranha tão elevado número de reuniões, uma vez que Lopes da Mota «depende directamente do PGR». Que se há-de fazer? ABC tem uma propensão para reunir!

11/05/2009

Gato por lebre

Gato por lebre, farinha por papa, bomba de calor por painel solar.
A lata dos vendedores de banha da cobra que finge governar este país não tem limites, ultrapassa a da caricatura de Hergé.
Uma notícia de Lurdes Ferreira no Público de hoje conta que a Energie «perdeu a certificação de produtora de equipamentos solares térmicos», tendo, deste modo, a entidade certificadora confirmado a tese dos muitos que consideravam um embuste a designação das bombas de calor Energie como «painéis solares termodinâmicos».

«Se querem dar um contributo para o seu país, para haver mais emprego, por favor instalem painéis solares nas suas casas» foram as palavras de Sócrates aquando da visita à Energie, acrescentando: «O Estado vai ajudar, pagando metade do investimento. É um contributo para aumentar a autonomia energética, o emprego e dinamizar um sector tão activo».

Foi preciso uma entidade alemã certificar o que todos "os especialistas" já haviam dito: é uma descarada mentira declarar que estes equipamentos constituam um "contributo para aumentar a autonomia energética". Não deve ser difícil demonstrar que a única utilidade que o dinheiro do Estado poderia ter neste caso seria afastar «definitivamente, a hipótese da Energie se deslocalizar para a Galiza, Espanha, como foi ponderado no passado mês de Dezembro». Como já escrevi aqui, não me agrada nada a ideia de andar a trabalhar para pagar impostos que servem para o Estado suportar estes embustes dos vendedores de banha da cobra. Por favor, para esses casos, utilizem o dinheiro daquela conta do Estado que é do PS.

10/05/2009

As minhas escolhas

Eu não me engano com a história das papas do ministro da propaganda. 350 g de farinha maizena dão para confeccionar um verdadeiro banquete com a ajuda dos adequados livros de culinária. Aqui estão as minhas escolhas:


Receitas de Cosinha
com a célebre farinha de MAIZENA DURYEA

s.n., Esgotadíssimo
O título diz tudo. Procure-o nos alfarrabistas, no e-bay, nas bibliotecas, na casa da avó... ou, quem sabe, na feira do livro!

O Mestre Cozinheiro
Moderna Editorial Lavores, 89€
Para quem não consegue as "Receitas de Cosinha", recomendo os dois vols da Bíblia de cozinha da Laura Santos. No segundo, há umas poucas referências à utilização da Maizena em bolos e pudins, mas é no primeiro que podemos encontrar todas as dicas para o emprego deste miraculoso ingrediente, indispensável para a obtenção dos molhos "mais cremosos".

07/05/2009

Efeito Pino

Depois de honras de capa na edição de ontem, a MAIZENA comprou uma página ímpar inteira de publicidade na edição de hoje do Público (p. 11).

A mensagem é clara:
  1. Bolos: mais leves e fofos
  2. Sobremesas: infinitamente mais saborosas
  3. Molhos: mais cremosos

Não há qualquer referência a papas...

Basílio Horta disse à Lusa que o conselho que Pino fez a Rangel para utilizar a farinha como papa é um «comentário jocoso e interessante». Horta considera também o «episódio (...) completamente ultrapassado», o que eu interpreto como o reconhecimento de que, na actualidade, ninguém utiliza Maizena para fazer papas. «Só lhe tenho que estar grato» disse Horta de Pino, quando, na minha opinião, deveria ter dito do anunciante Unilever.

Ecocabras

Fez furor a notícia de que a Google recorreu a bioenergia para cortar a relva em Mountain View. Basicamente, contratam-se ruminantes que usam o subproduto do seu trabalho como principal fonte de energia para o mesmo.
Enquanto se discute os eventuais efeitos na emissão de CO2 desta acção em concreto, eu posso afiançar que por estes lados a medida seria extremamente benéfica.
Efectivamente, um dos principais meios para garantir pasto é a queima de vegetação arbustiva, a qual resulta na produção em série de CO2. Por isso, aconselha-se todas as empresas nacionais e, em especial, os organismos do Estado, a instalar relvados e regá-los abundantemente, para alimentar as cabras nacionais, deixando em paz a vegetação da montanha. Pela mesma razão, devem ser imediatamente considerados PIN todos os projectos de campos de golfe, desde que os promotores se comprometam a apascentar.

06/05/2009

Foto da semana

A escolha desta semana foi antecipada, porque não pode haver melhor foto! :)

Seguindo a máxima do Ministério da Economia "Com papas e bolos se enganam os tolos", o ministro Pino, lui même, promove na 1.ª pessoa mais um embuste comercial. Pouco tempo depois de indicar uma bomba de calor de uma marca específica para funcionar como "painel solar", promove uma marca de farinha para funcionar como "papas", quando o próprio fabricante a considera mais indicada para "bolos". Com a agravante de invocar o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal para promover uma marca estrangeira, quando é por muitos reconhecida a qualidade das farinhas alimentícias portuguesas na sua função "papa". Para mais, fabricadas por PME's, por quem o Governo se diz platonicamente apaixonado.
Como nos diz MEC n'A Causa das Coisas, «a farinha 33, segundo nos afiança A MORENINHA, LDA., foi especialmente preparada para dar aos adolescentes saúde e energia para os seus estudos e desportos». E temos ainda a farinha PREDILECTA, cujo fabricante, A. Dias, em prol do Comércio Externo de Portugal, «deu-se até ao trabalho de traduzir [o aroma da farinha], para benefício do povo do breakfast, como Vanillin Flavour».

As Moreninhas e os Dias deste país estão Pinados com este Pino.

05/05/2009

Excessos alimentares

À vista desarmada, ninguém em seu juizo perfeito poderia incitar Paulo Rangel a «comer muita papa Maizena». É notório que o conselho mais sensato seria motivar o ilustre deputado e candidato a eurodeputado a diminuir a quantidade de calorias ingeridas e não a comer muito seja lá o que for, muito menos "papa".
Está na berra um estudo feito em Inglaterra que demonstra que as comidas supostamente indicadas para bebés têm excesso de calorias, nomeadamente devido a teores elevados de acúcares e gorduras. Os suplementos alimentares só se justificam em atletas de alta competição. Por favor, convençam Paulo Rangel a não comer Maizena e Manuel Pinho a largar o Toddy.

P'rá fotografia

Tive conhecimento desta notícia durante uma viagem ao estrangeiro, num noticiário da BBC: «the pirates captured by the the Corte-Real were released after consultations with Portuguese authorities». Como havia pessoas conversando no local onde eu via o noticiário, pensei que tinha ouvido mal, mas confirmo agora, no regresso a Portugal, que é mesmo a sério: «Each warship on NATO's anti-piracy mission Operation Allied Protector must comply with its national regulations on dealing with captured pirates».

Em futebolês poder-se-ia dizer que a acção dos "marines" portugueses a bordo do "navio pirata" foi só "p'rá fotografia" (da AFP a que aqui reproduzo).