30/10/2010

Um Nobre às direitas?

Esta sondagem da Aximage desdobra as intenções de voto nos candidatos presidenciais em função do voto declarado nas legislativas de 2009. Através de uma técnica estatística bastante simples, é possível traduzir esse desdobramento num plano, como no gráfico abaixo.
A visualização do gráfico permite constatar algumas evidências:
  1. Os eleitores do PSD são os que têm uma inclinação mais clara por um candidato.
  2. Alegre tem uma boa posição nos três partidos da esquerda.
  3. Cavaco domina no PSD, tem uma posição confortável no CDS e posições bastantes razoáveis nos partidos da esquerda.
  4. O candidato que uma facção do PS lançou para fazer frente ao candidato apoiado pelo PS, está mais próximo, afinal, do CDS e do... BE.
  5. Pelo posicionamento no gráfico (especialmente tendo em conta que o eixo horizontal é muito mais importante), Nobre poderia ser uma ameaça para a previsível vitória de Cavaco e nunca uma ameaça para Alegre.

22/10/2010

His name is Sócrates, José Sócrates

Quando se trata da "liquidação" da Escola Pública, Acácio Pinto atribui a Passos Coelho aquilo que tem sido feito pelos Governos de Sócrates.
Agora, ao visualizar o vídeo do 31, atribuiu o guião ao PSD: «Tudo e o seu contrário é o guião deste PSD». Caríssimo deputado - veja lá o vídeo de novo, a ver se reconhece alguém!

18/10/2010

O perigoso liberal Passos Coelho

Há um mês publiquei aqui um gráfico que mostra como "Passos Coelho" tem conduzido uma política de oferta educativa que se traduz num aumento acentuado da despesa privada com educação.
Ontem o Umbigo apresentou uma infografia do Público, que abaixo reproduzo, a qual dispensa palavras para demonstrar a destruição da reputação da Escola Pública, desde que "Passos Coelho" é Primeiro Ministro.

17/10/2010

Para que serve um regulador?

  1. Em primeiro lugar, obviamente, para colocar bóis.
  2. Em segundo lugar, para validar a política governamental que, apresentada como "custos de interesse económico geral", consiste em tirar dinheiro dos consumidores e distribuir pela malta amiga. Vejamos, num documento da ERSE, os «factores que resultam no incremento do nível tarifário» da electricidade:
    a) Produção em Regime Especial - Paga-se mais aos produtores deste regime e garante-se a compra de toda a produção - grande negócio! Quanto mais se produzir em regime especial, mais cara é a energia consumida.
    b) Manutenção do Equilíbrio Contratual - Quanto mais se produzir em regime especial, menos vendem os produtores convencionais - mas ganham o mesmo, já que, nos termos da lei, o seu rendimento não pode ser menor do que o que estava contratualmente estabelecido.
    c) Garantia de Potência - incentivos à produção no regime ordinário «pagos por todos os consumidores de energia eléctrica e reflectidos nas tarifas de acesso às redes».

Note-se que a mesma ERSE aceitou que, em ano elitoral (2009), boa parte dos custos de "interesse económico geral" fossem diferidos para os anos seguintes. Em 2011, com ou sem eleições, segundo as contas do Público, cada consumidor terá para pagar, em média, 425 euros de interesse geral. Suponho que faça parte do "interesse económico geral" pagar para que uma universidade americana acolha um ex-ministro especialista em safar empregos e um Primeiro Ministro especialista em criar um Rendimento Mínimo Garantido aos produtores de electricidade.

P.S. Há a acrescentar mais este "custo de interesse económico geral" que se chama RTP.

12/10/2010

Obrigado e Parabéns!

A sacrossanta Escola Pública substituiu os crucifixos por ícnones da "religião verde". Nos media, sobretudo na blogosfera, são cada vez mais as vozes que reclamam uma "lei da separação". Eu não tenho falsas expectativas quanto a uma escola "laica". Considero, até, que alguns valores desta religião (como de outras) são defensáveis. Mas abomino o fundamentalismo e é por isso que sou leitor assíduo do EcoTretas. Um serviço público.

Sondagens a mortos

«exceptuando Emídio Rangel, a generalidade dos ministros, os deputados do PS, alguns presidentes de câmara e uns tantos falecidos, alguém votou neste governo?»

08/10/2010

Viva a República!

O amigo Artur Fontes fez-me o favor de me enviar um texto sobre o Centenário antes da sua publicação no Farol. Circunstâncias várias impediram-me de lhe responder em devido tempo, mas deixo-lhe aqui e agora uma resposta breve.

Do que escreveu - fundamentalmente, uma resenha de escritos de outrem, como é hábito na sua coluna - só não concordo com o penúltimo parágrafo. Lendo autores de diversas sensibilidades, é minha convicção que a tentativa de manter uma Democracia Parlamentar não foi nem persistente, nem consistente. O mal principal do sistema político da I República não foi a instabilidade - isso até serviria para "legitimar" a estabilidade governativa do nosso vizinho do Vimieiro! Creio que o mal principal foi a falta de pluralismo, inclusive dentro do partido dominante, foi «A continuada presença dos democráticos nas várias estruturas da administração pública e em conselhos de administração de empresas e bancos [que] criou rotinas de centralismo burocrático, subalternizando a dinâmica de partido em relação à dinâmica de Estado, o que diluiu a autonomia partidária, o militantismo dos filiados, a capacidade de renovação ideológica ou a crítica livre por parte dos seus protagonistas políticos».

Mesmo reconhecendo que, actualmente, os ideais "republicanos" são mais bem realizados em monarquias...  acompanho o seu Viva a República! Não a I, mas a III.

07/10/2010

Ideais republicanos

Aqui estão dois dos principais:
Liberté - Liberdades civis
Egalité - Igualdade de género na política e na economia
O gráfico apresenta os 30 países com maior índice de liberdades civis.
Dados originais retirados de:
Campbell, David F. J. / Georg Pölzlbauer (2010): The Democracy Ranking 2009 of the Quality of Democracy: Method and Ranking Outcome. Comprehensive Scores and Scores for the Dimensions. Vienna: Democracy Ranking (http://www.democracyranking.org/).

República = Democracia?

É comum, para justificar as comemorações do centenário, falar de um ideal de República que é a Democracia. É extraordinário, pelo menos, por duas razões:
  1. Só houve democracia (como se entende hoje) no último terço desse século, mas, omitindo 48 anos de República, parece que só sobrou democracia;
  2. Exclui-se a possibilidade de um regime não republicano ser democrático.

Bom, eu também prefiro uma República, fundamentalmente porque penso que ninguém merece o castigo de ocupar um cargo vitalício de Chefe de Estado. Felizes os que conseguem viver com um Chefe de Estado vitalício de outro país :)
De qualquer modo, aqui fica o ranking de democracia elaborado pelo Economist, a partir de cinco dimensões: pluralismo, governança, participação, cultura política e liberdades civis. Para ajudar os que confundem os conceitos, as repúblicas ficam a bold.
1 Sweden
2 Norway
3 Iceland
4 Netherlands
5 Denmark
6 Finland
7 New Zealand
8 Switzerland
9 Luxembourg
10 Australia
11 Canada
12 Ireland
13 Germany
14 Austria
15 Spain
16 Malta
17 Japan
18 United States
19 Czech Republic
20 Belgium
21 United Kingdom
22 Greece
23 Uruguay
24 France
25 Portugal
26 Mauritius
27 Costa Rica
28 South Korea

01/10/2010

Descubra as diferenças

Notícias sobre uma suposta penetração da Internet em 63% dos lares "portugueses no continente" suscitaram-me a seguinte questão:
 - O que explica a diferença entre as estimativas da Marktest e do INE(*) para a mesma variável?
(*) Os dados foram retirados do Eurostat por razões de facilidade na sua obtenção, mas resultam do Inquérito à Utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação pelas Famílias.