30/07/2011

(Um)a definição de socialismo

Villaverde Cabral é um investigador com algum prestígio no meio académico. «Lev[ou] 70 anos a descobrir» que «o socialismo é um clientelismo de Estado».

Agora imaginem como se sente o meu ego ao ler esta entrevista - é que eu fiz essa "descoberta" antes de ter direito de voto e mesmo antes de ter lido pela primeira vez um texto de Villaverde Cabral! E, já agora, caso Villaverde Cabral ainda não se tenha dado conta, também há muito descobri que todos os partidos que nos têm governado são socialistas.

25/07/2011

É da Caneco

Naquela noite de Julho, véspera de fim-de-semana, António não queria voltar ao álcool. Apenas queria voltar a sentir-se um homem, pôr o coração a correr a 300 km/hora, se se estatelasse pouco importava, punha-se Betadine e um penso rápido e a dor passava. Antes dor que dormência. Ele queria era sentir o coração a bater.

17/07/2011

Problemas de caixa

Quem diz que as crises são uma oportunidade de mudança não conhece Portugal: por cá, mudar nunca é oportuno. Três semanas bastaram para descansar as clientelas e grupos de pressão que habitual e valentemente impedem o Estado de inverter a ordem natural do Universo e presidir ao seu próprio encolhimento. Três semanas bastaram para inquietar os contribuintes que pagam a valentia, sobretudo os 15% destes que, anunciou orgulhosa a maioria no poder, pagarão sozinhos como de costume a sobretaxa de IRS extraordinária.

16/07/2011

Nem todos os caloteiros são iguais



Pode saltar para 1:50:
Contrary to what some folks say, we’re not Greece, we’re not Portugal. It turns out that our problem is we cut taxes without paying for them over the last decade. We ended up instituting new programs, like a prescription drug program for seniors that was not paid for. We fought two wars, we didn’t pay for them.
E qual é a diferença?

15/07/2011

Álvaro de Campos não é fixolas

Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!
«O poema não era muito perceptível», alega a presidente da Associação de Professores de Português para justificar a média negativa do exame nacional. Claro está que o «factor aluno» também ajudou, já que «eles têm mais preocupações em obter boa bota [sic] a Matemática, Física e Biologia" do que em Português, porque são aquelas disciplinas específicas do seu curso que vão contar para a média de entrada na universidade». Deve ser por isso que a média de Matemática baixou para 9,2 e a «de Físico-Química quase atingiu a positiva, ficando nos 9,9 pontos».

A Professora Edviges só não conseguiu explicar por que Andrea Duarte não sabe escrever o plural de item. Eu imagino que seja por ter o corrector ortográfico em inglês. E penso que o "factor poeta" está explicado aqui.

04/07/2011

Deixemos os pentelhos e vamos ao que realmente (não) interessa

Deixemos as questões estatísticas para mais tarde. Para já, vou explicar o que representa esta figura. O eixo horizontal expressa o rácio entre os tamanhos dos dedos indicador e anelar da mão direita de uma grosa de coreanos submetidos a cirurgias urológicas. O eixo vertical expressa o tamanho do pénis esticado, medido quando os mesmos coreanos se encontravam anestesiados.
Agora olhem bem para a figura e digam-me onde raio a TVI foi buscar este título:
«Dedos iguais são sinal de pénis grande»
e o CM esta "explicação":
«o tamanho do órgão sexual masculino pode ser comprovado pelos dedos anelar e indicador: quanto mais parecida for a altura entre estes dois dedos, maior será o pénis do homem».

Obviamente, a figura não "diz" nada disso, "diz" que quanto maior for o anelar, comparativamente ao indicador (esquerda do gráfico), maior "é" o pénis esticado (e não erecto, como escreve o Correio da Manhã).

Vejamos agora as questões estatísticas. A olhómetro é possível verificar que, tirando os outliers do canto superior esquerdo, a relação entre as duas variáveis é bastante fraca. Os autores apresentam uma correlação de -0,216, o que significa que apenas 5% da variação do tamanho dos pénis é "explicada" pelo rácio entre os referidos dedos. Pentelhos, portanto.