08/10/2010

Viva a República!

O amigo Artur Fontes fez-me o favor de me enviar um texto sobre o Centenário antes da sua publicação no Farol. Circunstâncias várias impediram-me de lhe responder em devido tempo, mas deixo-lhe aqui e agora uma resposta breve.

Do que escreveu - fundamentalmente, uma resenha de escritos de outrem, como é hábito na sua coluna - só não concordo com o penúltimo parágrafo. Lendo autores de diversas sensibilidades, é minha convicção que a tentativa de manter uma Democracia Parlamentar não foi nem persistente, nem consistente. O mal principal do sistema político da I República não foi a instabilidade - isso até serviria para "legitimar" a estabilidade governativa do nosso vizinho do Vimieiro! Creio que o mal principal foi a falta de pluralismo, inclusive dentro do partido dominante, foi «A continuada presença dos democráticos nas várias estruturas da administração pública e em conselhos de administração de empresas e bancos [que] criou rotinas de centralismo burocrático, subalternizando a dinâmica de partido em relação à dinâmica de Estado, o que diluiu a autonomia partidária, o militantismo dos filiados, a capacidade de renovação ideológica ou a crítica livre por parte dos seus protagonistas políticos».

Mesmo reconhecendo que, actualmente, os ideais "republicanos" são mais bem realizados em monarquias...  acompanho o seu Viva a República! Não a I, mas a III.

1 comentário:

  1. Concordo inteiramente consigo. A força das clientelas partidárias retiram capacidade governativa sutentável e duradoura. Isto levou à instabilidade governativa. Por outor lado, algumas promessas feitas pelos republicanos não foram cumpridas, por exemplo, o Sufrágio Universal. As mulheres não obtiveram direito ao voto. O ataque às instituições religiosas foi um exemplo de falta de liberdade religiosa, se bem que encontraremos algumas causas desta intolerância, na tomada de posições por parte da Igreja Católica em favor dos monárquicos, o que não pode justificar, de qualquer maneira, aquelas medidas. As atitudes repressivas, tomadas em relação ao mundo do trabalho,provocavam forte agitação social. O problema da dívida externa atrofiou as nossas finanças, com péssimos resultados para a economia. Já não bastava o "saco vazio" herdado da monarquia. As divisões no seio dos partidos e a Grande Guerra e suas consequências, acabaram por ajudar a abalar a Iª República. No entanto, muitas orientações governamentais positivas foram tomadas. Exemplo maior foi a do ensino.
    Artur Fontes

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