A meio da ponte ferroviária sobre o rio Águeda, um sinal informa-nos de que vamos entrar em ESPAÑA. Portugal quer reabilitar para fins turísticos os 28 Km que distam desta ponte à estação do Pocinho. Para compreender a lógica deste investimento, recorro a um texto de Armando Moreira num convite da Liga dos Amigos Douro Património Mundial para um colóquio intitulado O Património Ferroviário do Vale do Douro:
«Assiste-se sem um queixume ao anúncio do pré-afogamento de uma das Linhas mais emblemáticas do sistema ferroviário do Douro, a Linha do Tua. Nem sequer se reivindica, ao que se sabe, qualquer indemnização pela desapropriação daquela via, como se se tratasse de coisa sem préstimo. Assim como ao encerramento, dito temporário e inopinado, das linhas do Corgo e do Tâmega.
«É preciso dizer basta a esta passividade. É preciso que os naturais, os residentes, os amigos do Caminho de Ferro, os amigos do Património, em particular do Vale do Douro, façam chegar a sua voz junto das entidades que têm a responsabilidade de zelar pela preservação e conservação do Património».
As "estrelas" do colóquio eram dois historiadores falando das ferrovias como património - um como património industrial, outro no caso das ferrovias do Douro como Património da Humanidade - e um vice-presidente da Union des Exploitants de Chemins de Fer Touristiques et de Musées, o que indicia que "o sistema ferroviário do Douro" já é visto pelos lobbies locais como um "sistema" de comboios históricos e turísticos.
Para que o "sistema" funcione, é preciso que se reabilite 70 Km do lado de lá, com elevados custos, por causa dos 20 túneis (o primeiro dos quais já ali, naquele morro em frente) e 13 pontes completamente degradados. É aí que Castela torce o rabo: «Ele próprio [o presidente da CCDRN] percebeu, ontem, em Valladolid, que o Governo espanhol luta com "dificuldades de orçamento em áreas como a Saúde, Educação e Segurança Social". Como tal, suspeita de "um certo risco de contenção que possa atrasar a reabilitação da linha espanhola".»
Perceberam? Se Espanha tiver dificuldades orçamentais, pode atrasar um investimento de umas dezenas de milhões. Já Portugal, para honrar compromissos internacionais, não pode atrasar um investimento de milhares de milhões. Aliás, Espanha está-se nas tintas para a electrificação da linha até Fuentes de Oñoro e também não parece muito apressada na ligação à auto-estrada transmontana. Só o AVE é prioritário. Esta notícia d'El Mundo ajuda a perceber porquê!
Resultado das eleições é o principal "trigger" da Mota-Engil
ResponderEliminar