01/10/2009

27 de Setembro Sempre! Neoliberalismo Nunca Mais!

Caros André Freire e Rui Tavares: o PS é de esquerda ou não é de esquerda?
Se é, então o apelo à estabilidade governativa é inútil. Um partido de esquerda esteve os últimos quatro anos e meio no Governo, com todas as condições para não ter conformado as suas políticas à «hegemonia neo-liberal». Maior estabilidade governativa seria difícil.
Se não é, então o apelo à estabilidade governativa "à esquerda" é fantasioso. E os argumentos numéricos sobre a «vontade eleitoral» do «povo português» são fraquíssimos.

Na verdade, a direita (PSD+CDS) terá nesta legislatura mais 16 ou 17 deputados do que na anterior. A única maneira de dizer que o eleitorado "virou à esquerda" é excluindo o PS da esquerda. Note-se que o PS perdeu meio milhão de votos. BE+CDU ganharam 200 mil. Onde foram parar os outros 300 mil?

As dificuldades em compreender a «vontade eleitoral» são bem evidentes neste post de um aventor. Primeiro, soma PS+BE+CDU, o que dá «Uma esmagadora maioria». Depois reconhece que o PS não é todo de esquerda, o próprio Sócrates não dá muito jeito para uma coligação à esquerda... mas isso não impede João Paulo de concluir «sei é que Portugal votou para ter um governo de esquerda».

Eu dou bastante importância aos números e só acredito quando alguém apresentar uma estimativa credível de quantos dos dois milhões de votos no PS traduzem uma «vontade eleitoral» contra os «preconceitos ideológicos do Sr. Van Zeller». Eu já contabilizei um voto no PS a favor de Van Zeller! :)

Acho louvável o apelo para que «as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo». Se a Constituição é para manter, então é o Parlamento que deve ser a fonte de legitimidade do Governo e seria muito bom que os partidos se habituassem a negociações e compromissos no Parlamento em favor da estabilidade governativa. No caso concreto, seria até bastante interessante dar aos deputados eleitos pelo PS a responsabilidade de se pronunciarem sobre a melhor solução de governo. Nunca esquecendo que, de acordo com a mesma Constituição, cabe ao PR um papel que não caberia a um Rei!!! Repito, acho o apelo louvável. Mas não posso compreender que o queiram fundamentar numa aritmética que soma os votos no Partido de Sócrates para a esquerda, mas subtrai as políticas do Governo de Sócrates para a direita.

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