27/03/2009

Como é que se chama isto?

O trabalho de Margarida Luzio no JN, sobre a visita do Presidente da República a Chaves, contém algumas informações sobre as declarações dos intervenientes que eu gostaria de realçar.

«"Temos que tomar hoje as decisões correctas para que os nossos filhos não tenham que suportar heranças demasiado pesadas", frisou o chefe da nação.» Mas quem pode tomar essas decisões? Aparentemente, o Governo. Portanto, o PR anda a tentar avisar o Governo de que, nas palavras do povo, quem não tem dinheiro não tem vícios.

No entanto, há certos caminhos pelos quais o PR não se quer meter...
«Seguiu-se o descerramento da placa inaugurativa do Centro Cultural de Chaves, que nasceu a partir da antiga estação de comboios. Mas de comboios Cavaco não quis falar. "A condução da política nacional do país cabe ao Governo. O presidente da república não tem instrumentos de política para actuar. O que ele faz é apontar caminhos, procurar que as pessoas não desanimem", respondeu quando questionado pelos jornalistas sobre o encerramento da linha do Corgo e do Tâmega por questões de segurança».

Noutro plano estão as declarações do edil de Chaves. Ele tem duas reivindicações, creio que mais para a comunicação social do que para o PR. A 1.ª é a desintegração do Hospital de Chaves do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes (reivindicação que já foi prontamente atendida, segundo a página web do dito centro). A 2.ª é que o Governo invista no Alto Tâmega «parte das contrapartidas que vai receber da empresa que vai construir nesta sub-região transmontana quatro barragens».
O PR há-de achar justo desde que «os nossos filhos não tenham que suportar heranças demasiado pesadas». E o alcaide, como a esmagadora maioria dos autarcas deste país, todo contente em transformar o Alto Tâmega em REN - Reserva Energética Nacional, desde que sobre espaço para uns investimentos a inaugurar com as recompensas que a EDP paga ao Governo.
Dito em linguagem simples, é assim: os autarcas abrem as pernas à EDP, a qual paga ao Governo, dando este depois uma «parte das contrapartidas» aos autarcas. Não me consigo lembrar de como se classifica este tipo de negócio - alguém me ajuda?

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