11/12/2010

PISA mining

José Manuel Fernandes compara (aqui) as médias dos testes PISA 2009 entre o ensino público e o ensino privado, atribuindo às escolas privadas um desempenho indubitavelmente superior. A realidade é um bocadinho mais complexa. O que o gráfico abaixo demonstra é que há dois grupos de escolas privadas: 1) as "independentes", i.e. cuja dependência de financiamento público é inferior a 50%, com resultados significativamente melhores; 2) as "dependentes", i.e. com financiamento maioritariamente público, cujos resultados não são significativamente diferentes dos das escolas públicas.

Por outro lado, como JMF reconhece, algumas escolas privadas atraem alunos de estatuto social e económico superior, com as condições para obterem melhores resultados, logo, para uma comparação mais justa, seria necessário controlar o efeito daquela variável. O relatório da OCDE fá-lo (Volume IV), relativamente aos testes de leitura, mas agrupando todas as escolas privadas. Assim, no caso português, as escolas privadas têm mais 28 pontos de média. A diferença baixa para 16 pontos quando se controla o estatuto social, cultural e económico do aluno. No entanto, quando se acrescenta também o efeito do estatuto social, cultural e económico da escola, a diferença reduz-se a 4 pontos e deixa de ser estatisticamente significativa.

Ao nível da OCDE, os resultados indicam que o que pode fazer melhorar o desempenho não é a forma jurídica de escola, pública ou privada, mas, como nota também JMF, os níveis de autonomia e responsabilidade, além de outros factores como o ambiente escolar, também mais favorável nas escolas privadas.

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