13/02/2011

As minhas escolhas

Sykes, C. J. (2007). 50 rules kids won't learn in school : real world antidotes to feel-good education (1st ed.). New York: St. Martin's Press
(13 dólares na Amazon)

«A job is not degrading. Being a drone or a deadbeat is degrading» (p. 57)

O subtítulo dá o mote para o tom geral do livro - alertar a geração que está a entrar no mercado de trabalho para as diferenças entre esse mundo e o mundo de fantasia alimentado pela redoma em que a escola se tornou. A minha escolha é um pretexto para falar de duas das 50 regras:
22 - You are not a victim. So stop whining.
15 - Flipping burgers is not beneath your dignity. Your grandparents had a different word for burger flipping. They called it opportunity.
Faço-o a propósito da vitimização da "geração parva". Libertem-se da redoma e vão trabalhar. Ganhem a vossa independência. Se ainda vos «falta o carro pagar», é porque são uns privlegiados, comparados com a minha geração que aspirava a uma XF17 Super, enquanto a geração anterior à minha comprava uma Dinâmica às prestações para ir trabalhar para os Fornos Eléctricos.
À falta de burgers, os meus amigos começavam a virar caçoilos de resina à hora a que vocês saem da discoteca. Sairam da «casinha dos pais» antes dos 18, alistaram-se na tropa, estudaram à noite, conseguiram os seus diplomas superiores e melhores empregos, com a humildade de quem não tem medo de aprender com as gerações anteriores.

9 comentários:

  1. Apoiado. Estou farto desta vitimização toda.

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  2. Palavras certas que muitos deviam ler.
    Eu tinha uma Zundap 3, e já me dava por muito contente...

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  3. Muito bonito esses comentarios. Mas tu cresceste numa ditadura subdesenvolvida. A minha geracao cresceu numa democracia de perspectivas abertas em que os nossos pais nos desincentivaram de "virar hamburgueres" porque nao era digno e que alem disso nos incentivaram a estudar. Isto enquanto a TUA geracao nos alimentou a ilusao que com um diploma teriamos uma vida.
    Curosamente e a tua geracao que se anda a alimentar do trabalho da minha.

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  4. Talvez os teus pais tenham culpa...

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  5. não é que não concorde com este ponto de vista, mas como eu me incluo bem numa geração «à rasca» tenho também o reverso da medalha. Estou no meu direito de querer ter direito a um futuro melhor. Afinal não foi para isso que os meus pais pagaram os meus estudos? para que eu tivesse perspectivas e oportunidades melhores k as deles. Mas é com desanimo que digo que quer o meu pai quer a minha mae com a 4a classe ganham mais k eu!!! Tenho um carro para pagar?? Tenho sim...infelizmente não posso deslocar me para o trabalho de Famel ou de autocarro. Trabalho 5 dias a fazer N horas mal pagas e ainda um part time ao sabado e ao domingo para tentar pagar pelo menos o gasoleo do carro. Descanso? Ferias? Saidas? Viagens? Há muito que não sei o que é. Tirei a Licenciatura, investi em N formaçoes, tirei o CAP....e perspectivas nada!!! Envio CV todos dias e levo sempre com um: não tem experiencia!!! Por amor de Deus...trabalho ha 4 anos..... Desculpem mas não posso algrar me com o futuro.

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  6. Também poderás pensar que os teus pais (e os contribuintes) pagaram os teus estudos para que tu tivesses mais capacidades para lidares com situações difíceis, para procurares melhores oportunidades, etc...
    http://en.wikipedia.org/wiki/Fundamental_Attribution_Error

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  8. A vida não é nada fácil.

    Especialmente quando se está em crise.

    Agora há uma grave crise.

    Em 1983 também, sei que é muito desanimador procurar-se trabalho e não haver.

    Em 1983/1984/1985 etc. não havia MacDonalds, nem Jumbo, nem Continente, nem Centros Comerciais, nem Portugal na CEE nem trabalho nos cafés, nem nos restaurantes, pois os empregados desses estabelecimentos tinham muitos anos de experiência, eram portugueses com mais de 45 anos de idade.
    Sei de pessoas que foram para a vida militar para pagar os estudos, que emigraram porque não tinham alternativa ou se dedicaram às limpezas porque também é um trabalho digno.

    Felizmente agora há estrangeiros para fazer limpezas, para fazer a recolha do lixo, para as obras, para os restaurantes e para servir nas discotecas onde a maioria dos estudantes universitários descomprimem do stress dos estudos.

    No entanto é minha opinião que a juventude de hoje está muito mais bem preparada para o futuro do que a de há 25 anos atrás.
    Tenho fé que hão-de ultrapassar os desafios que o presente nos coloca enquanto comunidade.

    As crises também servem para nos criar o espírito combativo, vamos todos criar um país mais justo.

    Com Gente capaz de ver desafios onde outros vêm dificuldades. "Nunca desistir, porque só perdem os que desistem."

    Claro que temos que tomar opções, se queremos viver acima das posses, se queremos mostrar mais do que realmente temos, se queremos valorizar o Ter em vez do Ser, se queremos ir de férias num cruzeiro ou às praias tropicais, quando não garantimos as necessidades mais básicas de sobrevivência.

    Depois também temos que respeitar os outros que optaram por, trabalhar no que puderam, no que foi aparecendo, pouparam e com esforço construíram uma Casa de Família, com muito esforço pagaram os tais estudos à Geração que agora enfrenta uma nova crise e que parece culpar os pais de lhes terem dado o máximo que puderam para que não passassem pelo que estão a passar.

    Ah! desconfio que esta crise não será a última. Por isso vou tentar lembrar os meus filhos, quando estivermos novamente em expansão económica, para se precaverem e estarem mais ou menos preparados para eventuais crises e dificuldades do futuro.

    E, acima de tudo, aprendam a "Nunca desistir".

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  9. Em 1998 estagiei na Holanda com outros portugueses em final de curso, certa noite num "Bar", com pista de dança, uma pessoa perguntou-me:
    - Se em Portugal os universitários eram todos "ricos"?
    Como não percebi o alcance da questão, indaguei o porquê dessa percepção errada.
    - é que todos os portugueses que aqui estão a estagiar usam acessórios e vestem roupas de marca, como: óculos Rayban, calças Levi's, polos Gucci ou Lacoste.
    Passei a reparar e de facto parecia que eu era o único tuga sem telemóvel e que não usava roupas de marca. Mas não me sentia lá mal, pois a juventude (malta dos 20 aos 30) também, não usavam acessórios e roupas caras, pois o dinheiro era preciso para pagar a renda da casa e os estudos.
    Nos países do Norte da Europa há o costume dos filhos saírem de casa dos pais no final da adolescência para se fazerem à vida.

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