29/09/2009
PJ trama Basílio Horta
25/09/2009
Grandes investimentos
O gráfico abaixo reforça esta ideia - é tremendamente nítida a separação entre os partidos da direita (à esquerda no gráfico) e os da esquerda (à direita no gráfico). Separação em quê? No custo de cada deputado eleito para o Parlamento Europeu nas eleições de Junho passado. Enquanto Rangel custou 208.830€ (ou seja, 120 mil embalagens de Maizena), os deputados da CDU custaram quase 510 mil euros cada.
O custo por mandato é representado pelo eixo da direita. O eixo da esquerda representa os valores totais da campanha, reais e orçamentados. Aqui, a grande distinção é entre o PSD, que gastou bastante menos do que o orçamentado, e o PS, que "investiu" 82% mais do que o orçamentado. Isto é, para fazer AVANÇAR VITAL, o PS investiu à grande, investiu 395 mil euros, quando tinha prometido fazer a coisa por 170 mil. Já todos (?) percebemos a grande asneira que foi o investimento neste activo tóxico que Sócrates nos tentou impingir. Espero que tenha servido de lição.
Fontes: valores retirados do Tribunal Constitucional; análise inspirada num post de Pedro Magalhães e numa notícia de Santos Costa.
Eleições intercalares?
Esta é uma interpretação Vital das declarações do rosto da última derrota do Partido Sócrates. Segundo o Público, "o constitucionalista" disse à Rádio Clube «que o PS não deve ceder à oposição e que se tiver dificuldades em aprovar os orçamentos e em conseguir “maiorias de geometria variável” é preferível clarificar a situação com novas eleições para perceber “se deve governar quem ganhou as eleições ou se devem governar as oposições coligadas”».
Portanto, para evitar novas eleições, segue-se já a orientação do "constitucionalista": quem deseja uma coligação entre o Partido de Sócrates e "as esquerdas", só tem de votar PSD. Se este ganhar as eleições, governam as oposições coligadas.
24/09/2009
Os vários números de uma sondagem
A minha fonte é a Marktest.
Calculo os intervalos a partir dos 'votos' e não da projecção que "encolhe" os votos brancos e nos pequenos partidos.
Outra diferença importante é que a amostra que conta para estes cálculos é de 487 'votantes'. Parece-me que João Miranda não descontou os respondentes que disseram que não votam.
Não chegamos a ter um verdadeiro efeito Diana Mantra, mas esta ligeira diminuição na amostra alarga um pouco os intervalos. Noutras situações, a má qualidade da informação das fichas técnicas pode induzir a maiores erros.
19/09/2009
Foto da semana
«Assiste-se sem um queixume ao anúncio do pré-afogamento de uma das Linhas mais emblemáticas do sistema ferroviário do Douro, a Linha do Tua. Nem sequer se reivindica, ao que se sabe, qualquer indemnização pela desapropriação daquela via, como se se tratasse de coisa sem préstimo. Assim como ao encerramento, dito temporário e inopinado, das linhas do Corgo e do Tâmega.
«É preciso dizer basta a esta passividade. É preciso que os naturais, os residentes, os amigos do Caminho de Ferro, os amigos do Património, em particular do Vale do Douro, façam chegar a sua voz junto das entidades que têm a responsabilidade de zelar pela preservação e conservação do Património».
As "estrelas" do colóquio eram dois historiadores falando das ferrovias como património - um como património industrial, outro no caso das ferrovias do Douro como Património da Humanidade - e um vice-presidente da Union des Exploitants de Chemins de Fer Touristiques et de Musées, o que indicia que "o sistema ferroviário do Douro" já é visto pelos lobbies locais como um "sistema" de comboios históricos e turísticos.
Para que o "sistema" funcione, é preciso que se reabilite 70 Km do lado de lá, com elevados custos, por causa dos 20 túneis (o primeiro dos quais já ali, naquele morro em frente) e 13 pontes completamente degradados. É aí que Castela torce o rabo: «Ele próprio [o presidente da CCDRN] percebeu, ontem, em Valladolid, que o Governo espanhol luta com "dificuldades de orçamento em áreas como a Saúde, Educação e Segurança Social". Como tal, suspeita de "um certo risco de contenção que possa atrasar a reabilitação da linha espanhola".»
Perceberam? Se Espanha tiver dificuldades orçamentais, pode atrasar um investimento de umas dezenas de milhões. Já Portugal, para honrar compromissos internacionais, não pode atrasar um investimento de milhares de milhões. Aliás, Espanha está-se nas tintas para a electrificação da linha até Fuentes de Oñoro e também não parece muito apressada na ligação à auto-estrada transmontana. Só o AVE é prioritário. Esta notícia d'El Mundo ajuda a perceber porquê!
18/09/2009
Bola na mão ou mão na bola?
O Tribunal de Castelo de Paiva proibiu um inspector da PJ de integrar a lista para a Câmara, por entender que ele está ao serviço de uma "força de segurança". O Tribunal Constitucional confirmou esta decisão.
Qual dos tribunais está a fazer o papel de Pedro Henriques?
17/09/2009
Grande mal... pior remédio
Parabéns ao PCP-PEV pelo sistema de colocação de candidatos nas freguesias. Colocar 45 mil candidatos sem conter «mais de dois candidatos do mesmo sexo colocados, consecutivamente, na ordenação da lista» exige um software mais fiável do que o da colocação de professores do ME. Para mais, nalgumas das freguesias, os candidatos devem ser residentes por lá perto. Não é o caso da minha freguesia (ver lista aqui) - nove nomes, nove desconhecidos. Nenhum reside por cá, tem algum conhecido por cá, algum laço familiar que seja. Nem sequer precisaram de cá vir para dar o nome. Mais um mérito do sistema.
11/09/2009
O TGV não faz cá falta
Canas de Senhorim está directamente ligada com todas as linhas ferreas hespanholas que entram em Portugal por Badajoz, Caceres, Villar Formoso, Barca d'Alva e Tuy.
De 15 de maio a 30 de setembro os comboios sud-express e expresso-Medina param em Cannas de Senhorim.
Não se pode admitir que qualquer castelão, galego ou estremenho se venha queixar de que não pode vir a Canas por falta de comboio!
Quem vamos eleger?
Tomar Partido - «os cidadãos aprestam-se para votar numa eleição que não existe na lei, a de Primeiro-Ministro e não votar na eleição efectivamente prevista na lei, a dos deputados, cujos nomes nem se dão ao trabalho de ler (...)»
«Ninguém se pode sentir representado por quem nem sequer conhece. Ninguém se pode sentir representado por quem não pode responsabilizar pelos seus actos. Na verdade, os eleitores que conscientemente votam em deputados, nem sequer estão a escolher. Estão a escolher entre escolhidos. É a ilusão da democracia representativa.»
Fliscorno - «Elegem-se os deputados que melhor serviram o Partido - daí terem sido reconduzidos - em vez dos que melhor serviram o eleitor.»
Vergonha
Na tag Ai os media tenho apresentado, predominantemente, problemas do jornalismo português no tratamento e na interpretação de números. Destaco casos em que o jornalista procede a cálculos incorrectos (Ex: Marcelino; Lusa) e, sobretudo, casos em que reproduz buzzwords de press releases sem fundamentação numérica ou estatística (Ex: "Inquérito feito pela SurveyShack a pedido da Microsoft").
A um nível superior está o trabalho (!) de Paulo Chitas na Visão. Diz Paulo Guinote que ele «selecciona e retorce estatísticas como bem entende». A intervencionista ERC, tão preocupada com a comunicação não verbal de pivots, não tem nada a dizer sobre este género de trabalhos?
A seguir neste link.
10/09/2009
As minhas escolhas
O Dossiê Sócrates Dada a reacção de Sócrates ao blogue, o autor recomenda «aos leitores, pelos motivos conhecidos, a precaução de obterem rapidamente o livro (na versão digital gratuita ou na versão impressa paga). Antes que seja tarde...» |
09/09/2009
Governabilidade
«Portugal poderá vir a ter um problema de governabilidade mas ele não resulta do sistema eleitoral: já é mais desproporcional do que a média dos regimes proporcionais europeus. Nem da fragmentação partidária: a concentração nos dois grandes aproxima-nos dos regimes maioritários. Os problemas de governabilidade são políticos, não institucionais. [...] Mas há outras medidas que poderiam reforçar a governabilidade: a moção de censura construtiva (para se derrubar um governo seria necessário propor um alternativo) e medidas equivalentes (uma espécie de “orçamento construtivo”, etc.); incentivos à cooperação entre os partidos. Além disso, o nosso sistema eleitoral induz os deputados a quase só se preocuparem em agradar às lideranças. Para melhorar a representação é preciso dar aos eleitores o poder de escolher os deputados em cada lista.»
08/09/2009
O argumento do respeito por tratados internacionais
«ESTRANHOS ARGUMENTOS EM TORNO DO TGV
Não é intenção deste artigo de opinião emitir juízos sobre a construção, ou não, do TGV (Madrid-Badajoz-Elvas-Lisboa), da sua oportunidade, ou outras considerações. Para isso, muito se tem escrito e escreverá, e será óptimo que a opinião pública esteja o mais esclarecida possível.
Há, todavia, um aspecto que deixa qualquer conhecedor de um mínimo de História das relações luso-espanholas algo perplexo. Na verdade, declarações de dirigentes espanhóis, principalmente do Presidente da Extremadura espanhola, não podem deixar, no mínimo, de fazer sorrir alguns portugueses.
Assim, Guillermo Fernández Vara (natural de Olivença) diz não acreditar que Portugal desista do TGV, «rompendo o acordo entre os dois países», pois trata-se de um «compromisso internacional»; acrescenta que «Portugal, à semelhança dos seus dirigentes políticos, é um país sério que sabe até onde tem de caminhar para preparar o futuro(...)». Comentaristas de jornais espanhóis opinam que Portugal não honrará os seus compromissos se desistir do TGV, e que mesmo em termos morais tal atitude é criticável. No dia 1 de Setembro, numa reunião em Elvas entre autarcas portugueses e espanhóis (Cáceres, Mérida, Plasencia, Olivença e Lobón) para apoiar o TGV, Angel Calle, de Mérida, em representação dos alcaides espanhóis, afirmou, entre outras coisas, que «os acordos internacionais são para cumprir(...)».
Ora, há algo nesta indignação que soa a contradição flagrante. Na verdade, todos estes dirigentes políticos parecem esquecer-se de que, para Portugal, há um acordo internacional não cumprido pela Espanha (1814-1815-1817), segundo o qual Olivença deveria ter voltado à posse de Portugal. Razão porque o Estado Português não aceita, até hoje, que Olivença seja território juridicamente espanhol. Curiosamente, em relação à obrigação da devolução, e talvez como ironia suprema face ao que está a acontecer, houve até quem já escrevesse que a Espanha só teria uma obrigação moral, portanto não claramente vinculativa.
Será que todos estes autarcas e políticos em geral têm consciência de como soam a falaciosos, neste contexto, alguns dos seus argumentos? Conheço alguns deles. Penso serem pessoas de bem, e dirigentes que fazem o que podem pelos seus povos, e até que querem mesmo promover a amizade com Portugal. Não questiono esse aspecto, nem os inúmeros argumentos económicos a favor do TGV. Talvez apoie, ou não, alguns deles. Mas, por favor, não usem demasiado o argumento do respeito por tratados internacionais. Não lhes fica bem.»
Estremoz, 02 de Setembro de 2009
Carlos Eduardo da Cruz Luna
06/09/2009
As minhas escolhas
O Paradoxo da Escolha Este livro diz-nos muito sobre o problema da decisão de voto e das 'boas' estratégias para o solucionar (!) que mencionei no meu post anterior. |
Onde está o Norte?
Bússola Eleitoral |
Os modelos de comportamento eleitoral que estão "nos bastidores" da produção dos gráficos acima pressupõem que os eleitores formam preferências a partir de "atributos" dos partidos, neste caso, posições sobre aquilo que os autores consideram "domínios políticos".
O posicionamento (gráfico de cima) é calculado a partir de uma versão simples do chamado "modelo do ponto ideal". O eleitor tenderia a identificar-se com o partido mais próximo num determinado número de dimensões (aqui, 2). A ideia é interessante e permite até que, na elaboração do gráfico, o potencial votante decida que "domínios" incluir, mas não admite uma alternativa básica que é considerar uma das dimensões muito mais importante do que a outra - p. ex., a distinção entre esquerda e direita pode ser muito mais importante para influenciar a decisão de voto do que a distinção entre libertário e tradicionalista. Por outro lado, o cálculo da proximidade entre eleitor e partidos pressupõe ortogonalidade das dimensões, o que não se verifica no espaço dos partidos - nitidamente, os partidos nacionalistas e tradicionalistas são de direita. No espaço partidário, é possível criar uma "faceta" que resume a "informação" daquelas duas dimensões:
Quanto ao "score de concordância", é um caso típico de modelo compositivo, i.e. funciona como se a atitude face a um partido dependesse das posições mútuas de partido e eleitor em todas as 28 questões (ou aquelas a que tenha respondido - eu não respondi a todas, porque achei que algumas eram complexas, i.e. misturavam conceitos ou não me pareceram adequadas para responder naquela escala de concordância). Penso que este cálculo de concordância terá pouca utilidade para explicar o voto. Pelas seguintes razões:
- A proximidade e/ou identificação com os partidos baseia-se, para grande parte dos eleitores, em impressões vagas e em reacções emocionais que sustentam atitudes gerais face ao partido, as quais tendem a polarizar-se (positivo-negativo; a favor-contra; etc.)
Quando o eleitor conhece posições do partido sobre um "domínio político", tende a avaliar este domínio segundo a referida polarização. Ex: O eleitor A é favorável ao investimento imediato no TGV porque simpatiza com o PS. Precisamente o inverso da teoria subjacente, que considera que uma das razões para votar PS seria este partido defender o TGV. - Mesmo os eleitores sem filiação partidária mais envolvidos nos "domínios políticos", que usam critérios "racionais" para decidir o voto, fazem-no habitualmente a partir de um único "atributo" ou de um número de atributos muito reduzido. Ex: Para o eleitor B basta saber qual a posição dos partidos (num determinado conjunto de escolha, ele também reduzido) relativamente à avaliação dos professores ou aos despedimentos na função pública.
- A forma como o 'mercado' eleitoral evoluiu em Portugal levou a que o peso das impressões, simpatias e antipatias relativamente aos líderes partidários seja mais importante do que a avaliação ponderada das posições partidárias nos diversos "domínios políticos". Ex: por mais próximo que o meu lápis (1.º gráfico em cima) possa estar do PS, eu nunca votarei neste partido numa eleição da AR, enquanto ele for liderado pelo Zé. No way, José.
O meu conselho: no próximo dia 27, vote conforme lhe der na real gana e consulte a bússola depois de ter votado!
02/09/2009
TGV para Olivença
Foi ainda em férias que tive conhecimento de uma "medida" do programa eleitoral do PSD, em castelhano (ABC, 29-8-2009): «Suspenderemos inmediatamente los procesos de adjudicación en curso para la alta velocidade». «El partido liderado por Manuele Ferreira Leite considera que es imprescindible la puesta en valor del sector ferroviario portugués, priorizando la rehabilitación y desarrollo de la red ferroviaria convencional (...)» (sublinhado meu). Gostei de ler ;)
A notícia vinha na secção sobre a Extremadura, já que o anúncio de MFL deixa preocupados os estremenhos. «De ganar las elecciones el PSD, la línea AVE que afecta a Extremadura quedaría en suspenso en el tramo Lisboa-Badajoz, no cumpliendo así los pactos internacionales firmados con España (...)» (sublinhado meu). Nesta questão de pactos internacionais, seria bom recordar aos responsáveis estremenhos o Congresso de Viena. Já que se propõem a construir a linha do AVE "independentemente do que fizerem os portugueses", sugiro que a levem até Olivença :)
P.S. lembrei-me dum post que escrevi há dois anos... e disto! :(
01/09/2009
Entre aspas
O JOGO - «se calhar por ter a expectativa e as ganas de um miúdo de 17 anos»
RECORD - «porque me sinto um jovem com 17 anos»
PÚBLICO - «Talvez seja porque tenho a ambição de um rapaz de 17 anos»
RTP - «talvez porque ainda me quero sentir como um jogador de 17 anos»
CM - «Venho com a ilusão de um miúdo de 17 anos»
JN - «venho com a ilusão e a motivação de um miúdo de 17 anos».
Links: ilusión; ganas