21/05/2009

A TVer

Como há muito não fazia, ontem dediquei a maior parte do serão, com breves interrupções, aos canais da TV portuguesa.

Começando pelo fim, vi uns poucos minutos da conversa soarista, a tentar perceber que raio fazia aquele programa na RTP1 numa altura destas? Luis Melo escreveu uma das respostas possíveis.
Antes, vira Directo ao Assunto quase integralmente. Parece mesmo um programa que respeita o pluralismo ASS (isto não é uma palavra inglesa, é o acrónimo do ministro):
Tavares representa a esquerda malhada por ASS, uma esquerda intelectual ou, pelo menos, a esquerda das ideias;
Rangel representa a Congregatio pro Doctrina Fidei;
Amorim defende o FCP.
Maior pluralismo com apenas três comentadores seria imposível.
Rangel está no sítio certo para cumprir a sua missão, com recurso a cábulas por falta de teleponto, mas os outros dois denotam a diferença que há entre escrever e debater na TV ao vivo - um bom bloguista pode não ser um bom comentador de TV. Talvez se safassem na discussão de ideias, mas não me parecem muito à vontade para debater notícias da actualidade.
No programa de ontem, achei caricato ver os três a tecer loas à credibilidade e independência do Instituto Nacional de Estatística, quando o assunto directo seria o chamado apagão no Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Duas horas antes, na SICN, Bagão Félix, que certamente também lerá os seus livros e jornais, mesmo não sendo visto com eles debaixo do braço, mostrou que distingue muito bem inquéritos do INE e registos dos centros de emprego e disse a esse respeito algo de significante: até 2006, os números do IEFP eram sistematicamente superiores à estimativa do INE; a partir de 2006, passou a verificar-se sistematicamente o contrário. Ele não sabe por quê, eu tão pouco, mas o partido pelo qual Rui Tavares é candidato tem uma explicação plausível.
Félix fez outra afirmação com significado e que mereceria ser discutida directo ao assunto: os actuais governantes têm uma atitude cobarde ao garantirem o seu bem-estar diferindo os respectivos custos para as futuras gerações. Acrescento que vale a pena enumerar e ordenar as coisas que, usando os termos do sr. Primeiro Ministro, «ninguém nos perdoaria se, daqui a 15 ou 20 anos».

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