Estas declarações do Governador do Banco de Portugal são notícia apenas porque o seu antecessor não Governou banco nenhum, limitou-se a ser um pau-mandado do seu partido. A sua reiterada omissão também deveria ser responsabilizada.
28/04/2011
25/04/2011
"Eles" não são todos iguais
Escolhi o dia 25 de Abril para publicar este discurso escrito por Artur Fontes, delegado ao Congresso do PS pela concelhia de Carregal do Sal. Escrito mas não proferido, pelas razões que o próprio aqui apresenta. Concorde-se ou não com os vários pontos enunciados neste discurso que não o foi, o que pretendo realçar com esta publicação é que, nesta «democracia capturada», "eles" não são todos iguais! Há quem acredite que é possível melhorar a "saúde" dos partidos para melhorar a "saúde" da democracia.
«A saúde de uma democracia depende não apenas da estrutura das suas instituições, mas também das qualidades dos seus cidadãos», assim se lê na Enciclopedia of Philosophy. E eu acrescento: A saúde de um partido democrático, como o partido socialista, não depende apenas das suas estruturas, mas sobretudo, da qualidade dos seus membros. Só esta qualidade poderá fornecer um bom lote de dirigentes. E é «na variedade dos meios e expressões que encontraremos a unidade diversificada de uma síntese progressiva, que é o labor continuado de todos os homens de boa vontade». (Mafalda Faria Blanc). Esta boa vontade encerra em si o saber e o saber estar ao serviço sem outros fins e objectivos que não sejam apenas o servir apaixonada e desinteressadamente a Causa Pública. Isto é, imbuídos de espírito e de uma ética republicana! Mas, para servir desta forma, necessário seria a existência de um clima de saber ouvir, e bem, para saber discernir. Foi o que faltou a este governo, cujo principal responsável foi José Sócrates. Deixou de ouvir os avisos constantes dos economistas, deixou de ouvir os avisos elegantes de Mário Soares e do próprio actual Presidente da República. Deixou de ouvir a própria Conferência Episcopal portuguesa, deixou de ouvir os avisos que a própria Drª Ferreira Leite lhe apontava acerca do défice, numa atitude de falta de humildade, deixou de ouvir os protestos dos elementos da PJ e da PSP, deixou de ouvir a sociedade civil, já para não falar das vozes discordantes e corajosas dentro do partido. Prometeu desvairadamente a criação de cento e tal mil postos de trabalho e o que temos são mais de 600.000 desempregados. Não atacou o enriquecimento ilícito. A despesa pública do sector público administrativo em 2003 era de 60 mil milhões de euros, actualmente são mais de 82 mil milhões. Começou com a reforma do ensino e não a acabou. Fez um braço de ferro com os professores para mais tarde ceder no que anteriormente não cedia. A Justiça, pilar importante de uma democracia e da sua credibilidade, padece de um mal crónico. Fez promessas que não cumpriu e, mais grave ainda, não pediu desculpas ao povo português, argumentando serem sempre os outros os culpados, numa fanfarronice sem escrúpulos. Contra este estado mental já combatiam Jaime Cortesão e António Sérgio, em 1921 e escreviam na “Seara Nova” «Em democracia quem mente ao povo é réu de alta traição»!
Os nossos secretários de estado e deputados, falavam todos à mesma voz: Propagandeavam aquilo que Sócrates dizia ser “muito importante” ou “historicamente importante”, enquanto o descalabro arruinava o País. E, o partido tornou-se, assim, num veículo de propaganda governamental, à semelhança dos partidos soviéticos, apático e sem massa crítica, devido ao afastamento voluntário de muitíssimos militantes revoltados e desiludidos por verem que o partido servia uma clientela política e se transformava num centro de emprego para os boys e à cumplicidade dos dirigentes com medo de perderem os seus lugares!
Esta actuação, ofuscou aquilo que de bom se fez, nomeadamente no campo das ciências ou da diplomacia.
Escrevia Rodrigues Migueis, na “Seara Nova”, nos anos 20: “Deve o estado rodear-se de gente honesta, perseguir os viciosos e expulsar os inúteis”.
Sendo assim, é hora de dizermos BASTA!
O partido socialista precisa de se transformar, como escreveu Sophia Mello Breyner : «Como casa limpa / Como chão varrido / Como porta aberta / (…) Como página em branco / Onde o poema emerge / Como arquitectura / Do homem que ergue / sua habitação.» (in “Revolução”).
Só assim cumpriremos Portugal, no sentido dado por Miguel Torga: “O meu partido é o mapa de Portugal”!
Artur Fontes, Carregal do Sal
23/04/2011
INE não teve tolerância de ponto
Apenas três semanas depois da correcção às contas nacionais desde 2007, o INE divulgou hoje (Sábado de Páscoa) uma revisão das mesmas, para os anos de 2009 e 2010.
O défice de 2010, o tal que tinha corrido melhor do que o previsto a Sócrates e a Teixeira dos Santos, cresceu mais 870 milhões, para 9,1% do PIB. A dívida pública "provisória" em 2010 foi corrigida em mais mil milhões, sendo agora equivalente a 93% do PIB.
O défice de 2010, o tal que tinha corrido melhor do que o previsto a Sócrates e a Teixeira dos Santos, cresceu mais 870 milhões, para 9,1% do PIB. A dívida pública "provisória" em 2010 foi corrigida em mais mil milhões, sendo agora equivalente a 93% do PIB.
Ensaio sobre a preguiça
Da "preguiça" (creio que é mais incompetência e falta de meios) dos jornalistas já eu me queixei bastante neste blogue... o leitor pode (re)ver aqui vários exemplos de mau trabalho, em que os OCS nacionais reproduzem números que representam distorções da realidade e que alguém soprou aos ouvidos da LUSA.
A novidade desta semana é que a LUSA fez o trabalhinho, lançou uma parangona de que falo mais abaixo, mas, aparentemente, os OCS não lhe deram importância! Devido à preguiça dos jornalistas, assevera João Galamba. Valupi já nem se interessa com os jornalistas, só com o PSD que "não percebe a importância da notícia". E qual é a notícia? Supostamente - assegura a LUSA - "Portugal é o país da UE com mais progressos na educação". E como se chega à conclusão? Segundo um relatório da UE, «Portugal é o país com maior crescimento»... nos indicadores dos progressos na educação? Não, calma aí, ninguém disse isso... «Portugal é o país com maior crescimento» num dos indicadores, designadamente «o número de diplomados em matemática, ciência e tecnologia».
A notícia da LUSA não diz nenhuma mentira. Limita-se a colocar um título que não corresponde ao conteúdo. Ao contrário do habitual, a notícia não teve grande eco, o que chegou para que se destapasse a preguiça encoberta.
O relatório de que se fala está ao alcance de um clique, para quem não for preguiçoso. Há cinco benchmarks para avaliar o "progresso na educação". Nos outros quatro, Portugal tem evolução positiva, mas não é o que fez "mais progressos" e, é preciso não esquecer, está abaixo do benchmark em todos eles. O relatório tem um ponto sobre "best performing countries" e diz isto (p. 18): «Countries that show good performance in several areas for the 2010 benchmarks include Finland, which has performance levels above all 5 benchmarks, and Poland, which has performance levels above the EU benchmarks and is moving further ahead in four of the five areas.» Preguiçosos relatores.
A novidade desta semana é que a LUSA fez o trabalhinho, lançou uma parangona de que falo mais abaixo, mas, aparentemente, os OCS não lhe deram importância! Devido à preguiça dos jornalistas, assevera João Galamba. Valupi já nem se interessa com os jornalistas, só com o PSD que "não percebe a importância da notícia". E qual é a notícia? Supostamente - assegura a LUSA - "Portugal é o país da UE com mais progressos na educação". E como se chega à conclusão? Segundo um relatório da UE, «Portugal é o país com maior crescimento»... nos indicadores dos progressos na educação? Não, calma aí, ninguém disse isso... «Portugal é o país com maior crescimento» num dos indicadores, designadamente «o número de diplomados em matemática, ciência e tecnologia».
A notícia da LUSA não diz nenhuma mentira. Limita-se a colocar um título que não corresponde ao conteúdo. Ao contrário do habitual, a notícia não teve grande eco, o que chegou para que se destapasse a preguiça encoberta.
O relatório de que se fala está ao alcance de um clique, para quem não for preguiçoso. Há cinco benchmarks para avaliar o "progresso na educação". Nos outros quatro, Portugal tem evolução positiva, mas não é o que fez "mais progressos" e, é preciso não esquecer, está abaixo do benchmark em todos eles. O relatório tem um ponto sobre "best performing countries" e diz isto (p. 18): «Countries that show good performance in several areas for the 2010 benchmarks include Finland, which has performance levels above all 5 benchmarks, and Poland, which has performance levels above the EU benchmarks and is moving further ahead in four of the five areas.» Preguiçosos relatores.
19/04/2011
Formação profissional
É pena que alguns árbitros só aprendam as leis do jogo depois de terminarem a actividade...
Pedro Henriques dizia em Dezembro de 2008: «Independentemente de se discutir se foi deliberado ou não, se foi intencional ou não, não tenho dúvidas em relação ao que vi no jogo, que é com a mão que ele inverte o sentido da trajectória da bola e a coloca nos pés do seu colega».
Para bem do futebol, retirou-se da actividade e aprendeu finalmente o que está escrito na Lei XII: «Na minha opinião, não houve motivo para ser assinalada grande penalidade. Rolando escorrega e cai ao perder o apoio, tocando a bola com o braço no movimento da queda, de fo[r]ma não deliberada, ou seja, perfeitamente casual.»
Pedro Henriques dizia em Dezembro de 2008: «Independentemente de se discutir se foi deliberado ou não, se foi intencional ou não, não tenho dúvidas em relação ao que vi no jogo, que é com a mão que ele inverte o sentido da trajectória da bola e a coloca nos pés do seu colega».
Para bem do futebol, retirou-se da actividade e aprendeu finalmente o que está escrito na Lei XII: «Na minha opinião, não houve motivo para ser assinalada grande penalidade. Rolando escorrega e cai ao perder o apoio, tocando a bola com o braço no movimento da queda, de fo[r]ma não deliberada, ou seja, perfeitamente casual.»
15/04/2011
14/04/2011
À espera do Pai Natal
Os pacatos finlandeses vivem em apartamentos de 60 m2 ou em pequenas casas de madeira. Andam preferencialmente de comboio e de bicicleta. Gostam de sauna, de vodka e de endro. Valorizam o estudo e o trabalho. Respeitam a liberdade do outro, mas não toleram a corrupção ou a evasão fiscal. Gostam do Sol do Sul, mas não estão dispostos a pagar o nosso mau governo. Quem disse que o Pai Natal vem da Lapónia?
06/04/2011
01/04/2011
Primeiro d'Abril
Este país vive em mentira 364 dias por ano. Hoje é o dia em que podemos aproximar-nos um pouco mais da realidade. Finalmente, dois meses e meio depois dos rumores sobre "uma Visita Diálogo do Eurostat nos dias 17 e 18 de Janeiro", o INE alterou as contas desde 2007, apresentando novos valores para o défice e para a dívida pública.
Pode o leitor verificar que a realidade já ultrapassou as previsões de um botabaixista como eu que, há um ano, previ uma dívida de apenas 93% do PIB, contra os 89% inscritos no PEC de que então se falava....
N.B. O documento disponibilizado pelo INE continua a apresentar, contra todas as previsões minimamente arrazoadas, um crescimento positivo do PIB em 2011. Portanto, tudo leva a crer que é já este ano que a dívida supera os 100% do PIB, o que eu só previa que acontecesse em 2013!!!
Não vale a pena gastar muito tempo com a enumeração das mentiras que nos impingem 364 dias por ano... deixo apenas as declarações de um qualquer Secretário de Estado há apenas uma semana:
"«Quanto às especulações sobre o défice de 2010, sabe-se que existe uma orientação do Eurostat relativamente à classificação contabilística (...)». Para o governante, as dúvidas do Eurostat dependem da forma de contabilização das contas públicas, mas não colocam em causa o défice de 2010, que segundo o Governo ficou abaixo do objectivo inicial dos 7,3%. «Isso nada tem a ver com a execução orçamental de 2010, onde foram conseguidos os objectivos pretendidos, nem com a execução dos dois primeiros meses de 2011 em que foi registado um excedente orçamental»".
Como se vê no quadro acima, não só os objectivos de 2010 não foram atingidos, como o INE vem agora reconhecer que os objectivos de 2007 e 2008 também não foram atingidos. Ainda bem que hoje é o 1.º de Abril.
Adenda: Esta gente não tem vergonha!
Pode o leitor verificar que a realidade já ultrapassou as previsões de um botabaixista como eu que, há um ano, previ uma dívida de apenas 93% do PIB, contra os 89% inscritos no PEC de que então se falava....
N.B. O documento disponibilizado pelo INE continua a apresentar, contra todas as previsões minimamente arrazoadas, um crescimento positivo do PIB em 2011. Portanto, tudo leva a crer que é já este ano que a dívida supera os 100% do PIB, o que eu só previa que acontecesse em 2013!!!
Não vale a pena gastar muito tempo com a enumeração das mentiras que nos impingem 364 dias por ano... deixo apenas as declarações de um qualquer Secretário de Estado há apenas uma semana:
"«Quanto às especulações sobre o défice de 2010, sabe-se que existe uma orientação do Eurostat relativamente à classificação contabilística (...)». Para o governante, as dúvidas do Eurostat dependem da forma de contabilização das contas públicas, mas não colocam em causa o défice de 2010, que segundo o Governo ficou abaixo do objectivo inicial dos 7,3%. «Isso nada tem a ver com a execução orçamental de 2010, onde foram conseguidos os objectivos pretendidos, nem com a execução dos dois primeiros meses de 2011 em que foi registado um excedente orçamental»".
Como se vê no quadro acima, não só os objectivos de 2010 não foram atingidos, como o INE vem agora reconhecer que os objectivos de 2007 e 2008 também não foram atingidos. Ainda bem que hoje é o 1.º de Abril.
Adenda: Esta gente não tem vergonha!
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