21/01/2011

Talvez com um desenho

Essas almas compreendam definitivamente que estão a dizer um enorme disparate quando escrevem (ou divulgam) que «uma amostra que atribui aos residentes do Interior Norte um peso correspondente a quase ¼ da população do país, quando efectivamente o seu peso é de pouco mais do que 1/10».

O assunto não é novo - em 2009 o jovem Cláudio Carvalho tinha espalhado pela blogosfera a mesma barbaridade. Infelizmente, o Cláudio decidiu apagar o seu passado de "Abrantes", colocando o seu site em "manutenção", mas mantêm-se online dois posts que tentam explicar-lhe o seu erro de raciocínio:
  1. Um neste mesmo blogue
  2. Outro no Margens de Erro, o blogue de referência em Portugal, para estas matérias.
O esforço terá sido em vão, já que o Cláudio parece nunca ter entendido a explicação. No entanto, espero que aqueles que agora andam a espalhar um email dizendo que o barómetro político da Marktest é um «caso de polícia», leiam com atenção o meu post de 2009. Lá poderão verificar que, segundo o INE, residem na região a que a Marktest chama "Interior Norte" mais de 1/5 dos eleitores, e não «pouco mais do que 1/10». E que na região "Sul" não residem 19,6% dos eleitores, mas pouco mais de 11%.

Nota para quem tem dificuldades em Geografia: Leiam a definição das regiões Marktest, onde poderão verificar que os concelhos de Barreiro, Moita, Montijo, Seixal, Sesimbra e Setúbal não pertencem ao Sul, nem à Grande Lisboa.

P.S. Estou espantado - até um site que se diz de Manuel Alegre espalha esta "notícia"!

3 comentários:

  1. Caro Beijokense,
    1. Eu estou habituado, há 40 anos, a trabalhar com dados estatísticos do INE. E a utilizar os conceitos do INE. Creio mesmo que se poderá falar em conceitos que são padrão para quem trabalha com estatísticas.
    2. A Marktest obviamente que pode usar outra divisão geográfica. Já é abusivo, na minha opinião, utilizar o mesmo conceito com outro conteúdo sem fazer referência a isso na ficha técnica.
    3. Exemplificando: eu posso fazer um estudo com recurso à estatística e usar o conceito telefones, quer para os fixos, quer para os móveis. Se não o explicitar, estou de certeza, a provocar erros a quem me lê. Objectivamente. Se o estou também a fazer com intenção, isso já é outra conversa.
    4. O mesmo para computadores pessoais. Eu posso considerar como tal os Laptops, os Notebooks, os Ipad, etc., e não apenas o PC de secretária. Nada me impede de o fazer. Mas, se não o explicitar, é incorrecto que o faça.
    5. Aliás, não é certamente por acaso, que a Marktest, e bem, na sua ficha técnica fala em telefones fixos.
    6. Para todos os efeitos o que o INE me diz é que INTERIOR NORTE = 11,9% e a Marktest diz-me INTERIOR NORTE = 22,6%. O INE diz-me SUL = 19,6% e a Marktest diz SUL = 11,6%.
    Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
    7. Se não quer que haja equívocos a MARKTEST (ou outra qualquer empresa de sondagens) explicita na sua ficha técnica, tal como o faz para os telefones (e não só) que o seu INTERIOR NORTE é diferente daquele do INE. Já agora: porque não o faz?
    8. Faço minhas as palavras do Vítor Dias: «Dito isto, entendamo-nos: se as empresas e órgãos de comunicação apostam tudo nos grandes títulos ou grandes números então não podem estar à espera que os seus críticos se demorem em pesquisas e estudos prolongados em torno do Censo, do recenseamento eleitoral ou das «regiões» concretas que estão por detrás dos nomes usados pela Marktest.»
    Percebido?

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  2. Caro António Vilarigues,

    obrigado pelo seu comentário.
    Não me leve a mal, mas tenho uma sugestão para si - faça como estoutro bloguista:
    http://viasfacto.blogspot.com/2011/01/sondagem-da-marktest-mea-culpa.html

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  3. Caro António Vilarigues,

    reconheço que não é feliz designar por "Interior Norte" uma região que faz fronteira com o Tejo, mas não pode acusar a Marktest de não explicar convenientemente como constitui os seus estratos geográficos. Até publica o mapa!!!

    Para todos os efeitos, o INE não lhe diz nada sobre a população do INTERIOR NORTE, pelo simples facto de essa designação não existir em nenhuma nomenclatura adoptada pelo INE.

    Não posso competir consigo na história de utilização de informação do INE, porque nasci há pouco mais de 40 anos, mas já trabalho com dados estatísticos há mais de 20. Para que fique claro, não tenho nada que ver com a Marktest e, se procurar na tag "Números" do meu blogue, encontrará várias críticas a estudos dessa empresa.

    Cumprimentos.

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