14/01/2011

Consumidores vulneráveis

Segundo as estimativas da ERSE (aqui, em PDF), os consumidores de electricidade que estão em condições de beneficiar da Tarifa Social de Electricidade pagaram em 2010, em média, 0,166€ por cada kWh consumido. Os consumidores domésticos não abrangidos por esta "benesse", pagaram, em média, 0,163€ por cada kWh consumido.
Admitindo que o consumo se mantém em 2011, a aplicação da tarifa social permitirá aos clientes "vulneráveis" pagar, em média, 0,168€ por kWh, enquanto os restantes pagarão 0,169€. O procedimento para conseguir o desconto de 60 cêntimos por mês é tão Complicadex que, com certeza, a maioria dos clientes "vulneráveis" não irá obter o benefício a que teria direito. Os que o conseguirem, irão, em média, pagar a electricidade consumida ao mesmo preço dos clientes "normais".
Vamos lá explicar. O que se passa é que, devido ao mecanismo de formação de preços, o custo real, para o consumidor final, de cada kWh, é mais elevado para os mais "vulneráveis", ou seja, para os que consomem menos. Logo, a aplicação desta tarifa social, em 2011, o mais que consegue é, à custa de muita burocracia, equivaler os preços médios pagos pelos consumidores "vulneráveis" aos preços médios pagos por todo o mercado. No entanto, a ERSE estima que o consumo médio dos "vulneráveis" seja na ordem dos 1500 kWh anuais. Ora, o consumo médio na maioria das áreas rurais é bastante inferior a esse valor. O que significa que os consumidores "vulneráveis" que habitam essas regiões, nomeadamente os pensionistas, terão consumos bem abaixo dos 1000 kWh anuais e continuarão a pagar, por cada kWh realmente consumido, um preço médio bastante superior aos não vulneráveis!
Aliás, como explica a DECO, os consumidores realmente vulneráveis, aqueles que beneficiavam da antiga tarifa social, irão ver a sua factura aumentar significativamente!!!

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