No rescaldo das notícias sobre o anunciado alargamento da escolaridade obrigatória até aos 12 anos de escolaridade / 18 de idade, comentei em blogues da área com o seguinte teor (aprox.):
O antigo serviço militar obrigatório vai ser substituido pelo serviço escolar obrigatório.
Há duas diferenças fundamentais entre estes serviços compulsivos:
1. O militar era mais barato e produzia melhores resultados de aprendizagem.
2. No militar a instituição fornecia as armas; no escolar, cada um tem de as levar de casa.
Após a leitura da crónica de Santana Castilho (Público, 29-4-2009, p. 35), apeteceu-me trazer esse comentário para as minhas escolhas. A brincar, digo duas "verdades" com as quais o cronista parece concordar:
1. «os longos percursos de escolaridade desemboca(re)m no desemprego ou serv(ir)em, tão só, para alimentar os call centers»;
2. «acrescentaremos mais violência e mais indisciplina a um ambiente que já é grave».
Talvez o defeito seja meu, mas eu penso que não é preciso ser douto em educação para compreender que o ensino público só se justifica se, em vez de obrigar "os jovens" a estudar, como presidiários, for capaz de os atrair para os processos de ensino/ aprendizagem e de demonstrar (em primeiro lugar, aos alunos e famílias) a sua utilidade como real qualificação e não como certificação por decreto ou assinatura feita a um domingo. Os dirigentes deste país (e não só) estão de tal modo convencidos de que "o sistema de ensino" é incapaz de captar clientes, que já o concebem como catequese convertendo prosélitos pela fé no Estado omnisciente do que é melhor para todo e qualquer cidadão. Só falta regulamentar um Tribunal do Santo Ofício.
P.S. note-se a subtileza do PM ao utilizar o verbo "atrair" para representar um acto compulsivo:
«O que nos resta é atrair 35 mil jovens, porventura os mais difíceis, mas vale a pena não desistir do objectivo».
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