24/08/2011

Mamografia em Destak

O Destak não será propriamente um OCS de referência, mas isso não o desobriga de cumprir os mínimos no rigor da informação...
A edição de ontem trazia uma pequena notícia «Mamografia posta em causa»:
As mamografias não são necessariamente método de prevenção do cancro da mama. A conclusão é de um estudo feito em seis países da União Europeia, e publicado no ‘British Medical Journal’.
Diz também o estudo levado a cabo na República da Irlanda, Irlanda do Norte, Bélgica, Holanda, Reino Unido e Suécia que a maior taxa de mortalidade causada pelo cancro da mama verifica-se em mulheres com mais de 50 anos e que nunca tinham realizado este tipo de exames.
À primeira vista, há uma contradição entre o título da notícia e a suposta evidência de que a taxa de mortalidade por cancro da mama é maior «em mulheres com mais de 50 anos e que nunca tinham realizado este tipo de exames»!!! Também notei que o Destak considera que a Irlanda do Norte não faz parte do Reino Unido, pelo que a curiosidade me moveu a consultar o artigo do BMJ. Mais do que a mamografia, o que em primeiro lugar se pode pôr em causa é a classificação do Destak como órgão de informação:
  1. O estudo citado não diz que a mortalidade é maior nas mulheres «que nunca tinham realizado este tipo de exames», pelo simples facto de não ter dados que permitam avaliar essa hipótese.
  2. O paper que divulga o estudo refere, por duas vezes, o Reino Unido entre parênteses a seguir a Irlanda do Norte, certamente por considerar que esta pertence aquele. Ficamos ainda a saber que o estudo também foi feito na Noruega, ou seja, afinal o estudo não foi «feito em seis países da União Europeia», mas sim em cinco países da UE mais um fora da UE.
Finalmente, fazendo um serviço público de informação que o Destak não presta, cumpre-me dizer que o estudo não põe em causa a mamografia, simplesmente sugere que esta não é a principal responsável pelo declínio da mortalidade deste tipo de cancro - os principais responsáveis são a evolução dos meios de tratamento e a capacidade de resposta dos sistemas de saúde.

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