29/08/2011

Polo koñezimento

Este blogue apoia todas as iniciativas que visem promover o conhecimento... com redobrado prazer se for no sentido bíblico da coisa!

Adenda 1-9: Sócrates e Merkel conhecem-se bem.

26/08/2011

A miséria do socialismo

A ler:
Notícias e comentários das últimas horas (...) preconizam transferir recursos dos que sabem criar e gerir riqueza para a Entidade que tem um invejável currículo de destruição de Valor.
A continuar a empobrecer desta maneira o país, sempre por causa do calote das finanças públicas, hão-de explicar depois como irá a economia portuguesa recuperar.
Give liberalism a chance!

Leitura complementar: (um)a definição de socialismo

24/08/2011

Mamografia em Destak

O Destak não será propriamente um OCS de referência, mas isso não o desobriga de cumprir os mínimos no rigor da informação...
A edição de ontem trazia uma pequena notícia «Mamografia posta em causa»:
As mamografias não são necessariamente método de prevenção do cancro da mama. A conclusão é de um estudo feito em seis países da União Europeia, e publicado no ‘British Medical Journal’.
Diz também o estudo levado a cabo na República da Irlanda, Irlanda do Norte, Bélgica, Holanda, Reino Unido e Suécia que a maior taxa de mortalidade causada pelo cancro da mama verifica-se em mulheres com mais de 50 anos e que nunca tinham realizado este tipo de exames.
À primeira vista, há uma contradição entre o título da notícia e a suposta evidência de que a taxa de mortalidade por cancro da mama é maior «em mulheres com mais de 50 anos e que nunca tinham realizado este tipo de exames»!!! Também notei que o Destak considera que a Irlanda do Norte não faz parte do Reino Unido, pelo que a curiosidade me moveu a consultar o artigo do BMJ. Mais do que a mamografia, o que em primeiro lugar se pode pôr em causa é a classificação do Destak como órgão de informação:
  1. O estudo citado não diz que a mortalidade é maior nas mulheres «que nunca tinham realizado este tipo de exames», pelo simples facto de não ter dados que permitam avaliar essa hipótese.
  2. O paper que divulga o estudo refere, por duas vezes, o Reino Unido entre parênteses a seguir a Irlanda do Norte, certamente por considerar que esta pertence aquele. Ficamos ainda a saber que o estudo também foi feito na Noruega, ou seja, afinal o estudo não foi «feito em seis países da União Europeia», mas sim em cinco países da UE mais um fora da UE.
Finalmente, fazendo um serviço público de informação que o Destak não presta, cumpre-me dizer que o estudo não põe em causa a mamografia, simplesmente sugere que esta não é a principal responsável pelo declínio da mortalidade deste tipo de cancro - os principais responsáveis são a evolução dos meios de tratamento e a capacidade de resposta dos sistemas de saúde.

21/08/2011

As minhas escolhas

Desta vez não escolho um livro, mas uma livraria. Chegou há dias à minha caixa do correio a minha primeira compra à Better World Books. O livro que veio morar comigo pertenceu a uma biblioteca universitária e tinha sido requisitado apenas quatro vezes nos seus 55 anos de vida. Ele próprio me escrevera duas semanas antes, contente por vir para Portugal. Espero que ele não me leve a mal por reproduzir aqui parte do email:
You could have picked any of over 2 million books but you picked me! I've got to get packed! How is the weather where you live? (...) Just five months ago, I thought I was a goner. My owner was moving and couldn't take me with her. I was sure I was landfill bait until I ended up in a Better World Books book drive bin. Thanks to your socially conscious book shopping, I've found a new home.
Da livraria tenho a declarar um serviço irrepreensível e... rápido!... atendendo à distância e ao baixíssimo custo de transporte. No total, livro, embalagem e transporte custaram-me nove dólares!

19/08/2011

Qual é a fraude?

Fraude é alguém utilizar o seu estatuto de professor universitário para divulgar uma opinião contrária a todas as evidências empíricas dos estudos de economia da educação e dos relatórios das mais variadas organizações que por todo o mundo têm estudado os benefícios económicos, para os diplomados e para os contribuintes, do ensino superior.
Não nego que a educação gratuita seja um importante recurso político para benefício dos que exercem o poder. Também não nego que tenha alguns efeitos perversos, nomeadamente no desempenho académico. Defendo até que os beneficiários deverão assumir uma maior fatia dos custos que são suportados pelos contribuintes. Mas nada disso permite negar a evidência de que, em média, um diplomado com curso superior terá ao longo da vida um rendimento superior ao que teria se se ficasse pelo ensino secundário. Essa evidência é válida para todos os países onde têm sido feitos estudos sobre o assunto, nomeadamente em TODOS os países da OCDE.
Deixo ao senhor Professor Doutor Nuno Monteiro a mais recente estimativa dos benefícios de ter um curso superior no país onde ele dá aulas. O Valor Actual Líquido de tirar um curso numa universidade menos competitiva varia entre 200 e 300 mil dólares; para os que conseguem um curso numa universidade mais competitiva, o VAL supera o meio milhão de dólares.
Lá como cá, há licenciados em caixa de supermercados. Isso não significa que eles acabam, mas sim que iniciam aí a sua actividade... ao longo da vida, terão sempre melhores oportunidades e maiores salários.

Fonte: de Alva, J. K., & Schneider, M. (2011). Who Wins? Who Pays? The Economic Returns and Costs of a Bachelor's Degree: American Institutes for Research.

17/08/2011

Puta de Catalunha: uma visão sobre a economia turística

A propósito do caso Lloret de Bar, deixo aqui a minha tradução de parte de um artigo de Xavier Roig. O original em catalão pode ser lido aqui.

Se há sector que pode ser moldado pelo poder político, é o turismo. E os governos catalães optaram pelo modelo de turismo barato. Sou dos que acreditam que o turismo faz parte da economia do lixo. Da prostituição social. É nele que se centra a economia dos países que não sabem, ou não querem, fazer mais nada. O que diferencia uma mulher que vende os seus encantos, dum país que vende os seus? O número de pessoas envolvidas na operação. (...) O peso do turismo [na Catalunha] já ascende a 14% do PIB (9% em França, 8,5% em Itália). Somos um país prostituído.

Desde que me conheço que se fala de reconverter o nosso turismo. Gostamos de nos enganar. Falar de "turismo de qualidade" é tão contraditoriamente estúpido como pretender promover a "prostituição virgem". O máximo que se pode almejar é que aqueles que nos visitam tenham um alto poder aquisitivo. E, para solucionar este problema, ainda não se inventou, em economia, nada de novo: há que reduzir a oferta para aumentar os preços. (...) O poder político tem de deixar de ser simpático e tem de enfrentar os líderes do sector. Explicar-lhes que a ilusão acabou. Como? Muito fácil: aumentando os impostos do sector, impondo normas duras e exigentes e realizando inspecções rigorosas. O que implica encerrar, no mínimo, metade dos estabelecimentos existentes. Além do motivo da oferta e procura, já enunciado, devemos fazê-lo por uma simples razão de higiene: a maioria dos hotéis e bares catalães não valem nada. Não são apresentáveis. Já sei que apresentarão o velho argumento: "O turismo cria riqueza!". Não sem razão. O macroprostíbulo de La Jonquera também cria riqueza. Alguém pode negá-lo? O cultivo de coca gera muitos empregos na América Latina. Alguém pode negá-lo?

16/08/2011

Empata folladas - II

Mais 1500 empata folladas manifestaram-se nas ruas de Lloret de Mar Bar, reclamando uma mudança no modelo de exploração turística da cidade. Quando a manifestação passava pela principal avenida do turismo de borracheira, alguns turistas, certamente pensando tratar-se de obra da DHARMA Initiative, perguntavam se era uma festa. No «mejor lugar para la fiesta de toda Europa», até as manifestações anti-festa são animação turística :)
Foto de Narcís Presas

13/08/2011

Empata folladas

"Lloret es el mejor lugar para la fiesta de toda Europa. La gente es guapa, es un buen lugar para follar... Lo único malo son los mossos [d'esquadra]"
Os polícias são uns empata folladas para o «sonriente y ebrio Bruno, un alemán» que vive a melhor noite dos seus 17 anos num dos mais famosos destinos europeus de turismo de borracheira, que oferece 80 camas de hotel por cada 100 habitantes, 80% dos quais vivem do turismo.
Os polícias, o pessoal de socorro e os técnicos de saúde são alguns dos restantes 20% que, não vivendo do turismo, ocupam grande parte do seu tempo prestando serviços a turistas. Questiona-se se as reduzidas margens de comercialização de camas e de álcool de baixa qualidade cobrirão os custos crescentes daqueles serviços. Há quem diga que se deve acabar a imagem de Lloret «como un lugar idílico para el turismo de borrachera», o que certamente obrigaria Bruno a procurar outros lugares para follar...

06/08/2011

Heterogeneidade medieval

As feiras medievais com taberneiros, cavaleiros e malabaristas de fogo estão na moda e multiplicaram-se nos últimos anos um pouco por todo o país. Só entre Junho e Setembro deste ano realizam-se pelo menos 50 em Portugal.
A Lusa procurou saber a que se deve a proliferação destes eventos e lembrou-se de consultar um "especialista". Um psicólogo, pensei. Não! Um professor de História Medieval que garante que «O sucesso das feiras e torneios medievais explica-se por algum desencanto com o presente muito homogeneizado e, portanto igual por toda a parte». O que vale aos desencatados com o presente é que estas recriações medievais são diferentes por toda a parte e muito heterogéneas. Tanto que até as há que se realizam em Outubro e nem precisam de matar mouros - basta-lhes um herói treinado no corte de pepinos e capaz de subjugar o adversário asnelense.

04/08/2011

Tristes Trópicos

Joana Roque de Pinho: A corrupção. A corrupção que é uma característica muito queniana, a todos os níveis, económicos e políticos [...] e aí houve episódios que me revoltaram.

Carlos Vaz Marques: Mais do que a excisão? Mais do que o chicotear de mulheres?

Joana Roque de Pinho: Sim. Sim porque, lá está o meu idealismo, eu vejo um bocado essa corrupção e o desvio de dinheiros [...], vejo um bocado como uma consequência da introdução da economia de mercado e portanto esses Maasai já não são tão puros.

03/08/2011

A bolha do futebol

Depois dos Estados, as SAD's ibéricas são o melhor exemplo de como se pode viver em permanente estado de défice orçamental. Tal como os centros escolares, os comboios de alta velocidade e os aeroportos são vitais para tirarem os países da crise, o "investimento" em grandes futebolistas é "absolutamente necessário" para "devolver a alegria à massa associativa". A banca e os fundos de investimento lá estão, sempre prontos a financiar estes negócios com base em "garantias" de especulação sobre o valor futuro dos futebolistas.
Se o BCE não teve pejo de aceitar garantias do valor comercial de jogadores do Real Madrid, em conjunto com moinhos de vento, a CMVM portuguesa quer saber como é possível um fundo de investimento, "situado a um nível mais elevado da cadeia de domínio" de uma das 13 SAD's espanholas falidas, pagar avultada quantia por um avicultor que precisa de um assistente para agarrar galinhas.

02/08/2011

Ronaldo bankia

Afinal aquela notícia de April's Fools não será assim tão fool... segundo El País, o BCE aceita como garantia, para ceder liquidez ao Bankia, o empréstimo que o Real Madrid contraiu para comprar o (passe de) Cristiano Ronaldo. Uma Caja do grupo Bankia, com problemas de liquidez, emprestou, com um spread sobre a Euribor bastante reduzido, muito dinheiro a um clube de futebol com um rácio de endividamento de 75%. Como é evidente, não consegue financiar-se a esse spread e o BCE dá-lhe a mão, basicamente, a troco dos pés de Ronaldo.
O empréstimo dos pés de Ronaldo não é a única garantia Bankia. O grosso da garantia são empréstimos ao quixotesco negócio dos moinhos de vento, o qual, como toda a gente sabe, nunca é bom quando vindo de Espanha. Quem sabe, sabe, e quem garante o vento é que sabe.
Foto de Associated Press mostrando Ronaldo a repor os líquidos no banco. Ao lado esquerdo
está a solução para os problemas de liquidez do futebol, da banca e da economia espanhola.