15/12/2011

Jornalistas incompetentes enganam leitores

Disse aqui que estava à espera que o IPDT divulgasse o estudo com base (!) no qual vários OCS portugueses fabricaram títulos bombásticos acerca dos efeitos da "crise" nas intenções de férias dos portugueses. Vejamos alguns desses títulos:

crise põe «travão» às viagens dos portugueses - Agência Financeira
Portugueses cortam nas férias por causa da crise - Expresso
Crise acaba com férias dos portugueses - Público

Agora vejamos o que diz o estudo, entretanto disponibilizado:

«Quando questionados sobre a expectativa de fazer férias fora do local de residência no Natal ou Ano Novo de 2011, 92,6% dos inquiridos responderam que não irão fazer férias e apenas 7,4% responderam afirmativamente. Embora sejam dados muito relevantes, a sua evolução relativamente a 2010 é muito reduzida já que no estudo realizado pelo IPDT no ano passado, 91% não pretendia fazer férias e apenas 9% manifestaram intenções de gozar férias no mesmo período de análise.»


Obviamente, atendendo ao reduzido tamanho da amostra, esta "evolução" de 1,6 pontos percentuais não é significativa, i.e. não se pode rejeitar a hipótese de que a percentagem de portugueses que faz férias fora de casa nesta época seja igual em 2010 e 2011.

P.S. Basta a citação daquele parágrafo do estudo para provar que as notícias saídas no início da semana não têm qualquer sustentação empírica. No entanto, mantenho o que quis dizer no post anterior: a amostra do IPDT não é adequada para produzir estimativas sobre a intenção de viajar da população portuguesa. A propensão para viajar é menor nos idosos e nas mulheres; esta amostra tem 43,4% de pessoas com mais de 61 anos e 67,5% de mulheres.

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