30/12/2011
24/12/2011
Feliz Natal
Calvin: Eu não entendo como o Pai Natal gere a sua actividade. Como é que ele paga os brinquedos que distribui? Como é que ele paga a matéria-prima que usa para produzir os brinquedos? Como é que ele paga aos elfos? Não tem receitas para cobrir os custos - como é que ele faz?
Hobbes: Deve operar em défice, acho.
Calvin: Claro. Mais cedo ou mais tarde isso vai rebentar e depois quero saber como é que eu fico?
Hobbes: Deve operar em défice, acho.
Calvin: Claro. Mais cedo ou mais tarde isso vai rebentar e depois quero saber como é que eu fico?
21/12/2011
A beleza (e a estupidez) da simplicidade
Esta ideia é extremamente bela:
Agora mais a sério: Descontando casos patológicos, eu creio que é impossível alguém sentir-se realizado por exercer uma actividade que "não satisfaz nenhuma outra necessidade". Parece-me que o ponto de discussão não é se os crontribuintes devem pagar "profissões de sonho", mas qual o nível de oferta dessas profissões, pago pelo contribuinte, que é razoável ou sustentável. Se os contribuintes pagassem as actividades dos melhores cientistas, filósofos, professores, médicos, economistas, etc. não dariam por mal empregado o seu dinheiro.
É injusto pedir aos contribuintes, que na sua maioria não têm as suas profissões de sonho, que continuem a abdicar dos seus subsídios de Natal para que vocês possam ter uma profissão que não satisfaz nenhuma outra necessidade para além da vossa própria realização pessoal.Vamos lá pensar um pouco: Para além dos agentes do fisco, sem os quais não haveria contribuintes, que outras profissões devem os contribuintes pagar? Talvez CGP condescenda que os políticos, militares, juízes, polícias... sejam pagos pelos contribuintes. E os médicos? Talvez, se satisfizerem necessidades de contribuintes saudáveis (chamemos-lhe medicina preventiva). Bombeiros? Podemos pagar aos voluntários com reconhecimento social, a somar à realização pessoal já deve dar uma boa recompensa. Quanto a filósofos e cientistas, ou vendem os seus serviços a privados, ou vendem outros serviços em part-time, ou têm "pais ricos", como o filho da D. Maria Adelaide de Carvalho.
Agora mais a sério: Descontando casos patológicos, eu creio que é impossível alguém sentir-se realizado por exercer uma actividade que "não satisfaz nenhuma outra necessidade". Parece-me que o ponto de discussão não é se os crontribuintes devem pagar "profissões de sonho", mas qual o nível de oferta dessas profissões, pago pelo contribuinte, que é razoável ou sustentável. Se os contribuintes pagassem as actividades dos melhores cientistas, filósofos, professores, médicos, economistas, etc. não dariam por mal empregado o seu dinheiro.
15/12/2011
Jornalistas incompetentes enganam leitores
Disse aqui que estava à espera que o IPDT divulgasse o estudo com base (!) no qual vários OCS portugueses fabricaram títulos bombásticos acerca dos efeitos da "crise" nas intenções de férias dos portugueses. Vejamos alguns desses títulos:
crise põe «travão» às viagens dos portugueses - Agência Financeira
Portugueses cortam nas férias por causa da crise - Expresso
Crise acaba com férias dos portugueses - Público
Agora vejamos o que diz o estudo, entretanto disponibilizado:
Obviamente, atendendo ao reduzido tamanho da amostra, esta "evolução" de 1,6 pontos percentuais não é significativa, i.e. não se pode rejeitar a hipótese de que a percentagem de portugueses que faz férias fora de casa nesta época seja igual em 2010 e 2011.
P.S. Basta a citação daquele parágrafo do estudo para provar que as notícias saídas no início da semana não têm qualquer sustentação empírica. No entanto, mantenho o que quis dizer no post anterior: a amostra do IPDT não é adequada para produzir estimativas sobre a intenção de viajar da população portuguesa. A propensão para viajar é menor nos idosos e nas mulheres; esta amostra tem 43,4% de pessoas com mais de 61 anos e 67,5% de mulheres.
crise põe «travão» às viagens dos portugueses - Agência Financeira
Portugueses cortam nas férias por causa da crise - Expresso
Crise acaba com férias dos portugueses - Público
Agora vejamos o que diz o estudo, entretanto disponibilizado:
«Quando questionados sobre a expectativa de fazer férias fora do local de residência no Natal ou Ano Novo de 2011, 92,6% dos inquiridos responderam que não irão fazer férias e apenas 7,4% responderam afirmativamente. Embora sejam dados muito relevantes, a sua evolução relativamente a 2010 é muito reduzida já que no estudo realizado pelo IPDT no ano passado, 91% não pretendia fazer férias e apenas 9% manifestaram intenções de gozar férias no mesmo período de análise.»
Obviamente, atendendo ao reduzido tamanho da amostra, esta "evolução" de 1,6 pontos percentuais não é significativa, i.e. não se pode rejeitar a hipótese de que a percentagem de portugueses que faz férias fora de casa nesta época seja igual em 2010 e 2011.
P.S. Basta a citação daquele parágrafo do estudo para provar que as notícias saídas no início da semana não têm qualquer sustentação empírica. No entanto, mantenho o que quis dizer no post anterior: a amostra do IPDT não é adequada para produzir estimativas sobre a intenção de viajar da população portuguesa. A propensão para viajar é menor nos idosos e nas mulheres; esta amostra tem 43,4% de pessoas com mais de 61 anos e 67,5% de mulheres.
12/12/2011
As velhinhas ficam em casa?
Estou à espera que o IPDT divulgue decentemente o seu estudo sobre "O impacto das medidas de austeridade nas intenções de férias dos portugueses". Por enquanto, só tenho acesso a uma notícia mais detalhada no Diário Económico e resumos noutros OCS.
O arremedo de ficha técnica publicado no DE diz que a amostra de 422 entrevistas confere um nível de confiança de 95% - brilhante!!! A iliteracia estatística não dá para mais. Depois diz que «os inquiridos são maioritariamente de Lisboa, são mulheres, casadas e têm entre 61 e 70 anos». Se o objectivo é saber a intenção de férias e entrevistam «maioritariamente» donas de casa com mais de 60 anos, estamos conversados.
Nota para o IPDT: é favor consultar os resultados dos inquéritos às viagens dos residentes (INE) e verificar qual a taxa de partida das mulheres com mais de 60 anos.
O arremedo de ficha técnica publicado no DE diz que a amostra de 422 entrevistas confere um nível de confiança de 95% - brilhante!!! A iliteracia estatística não dá para mais. Depois diz que «os inquiridos são maioritariamente de Lisboa, são mulheres, casadas e têm entre 61 e 70 anos». Se o objectivo é saber a intenção de férias e entrevistam «maioritariamente» donas de casa com mais de 60 anos, estamos conversados.
Nota para o IPDT: é favor consultar os resultados dos inquéritos às viagens dos residentes (INE) e verificar qual a taxa de partida das mulheres com mais de 60 anos.
11/12/2011
As minhas escolhas
Acabou-se a Festa
Vogais, 2011, 16,99€
Se tudo corresse bem, Portugal teria recuperado lá para 2030 o nível de bem estar económico de 2000. No entanto, o autor está pessimista e crê que a economia portuguesa não recuperará o suficiente para pagar a minha reforma :(
Do mal o menos: Portugal continua sendo um dos mais pobres dos ricos. Como escreve o autor, «voltando Portugal ao rendimento per capita e paridade do poder de compra de 1995, ainda ficamos com um nível de vida 75% superior ao brasileiro, 190% superior ao ucraniano e 320% superior ao marroquino».
N.B. Os mais propensos a problemas digestivos não deverão ler este livro antes das rabanadas.
Vogais, 2011, 16,99€
Se tudo corresse bem, Portugal teria recuperado lá para 2030 o nível de bem estar económico de 2000. No entanto, o autor está pessimista e crê que a economia portuguesa não recuperará o suficiente para pagar a minha reforma :(
Do mal o menos: Portugal continua sendo um dos mais pobres dos ricos. Como escreve o autor, «voltando Portugal ao rendimento per capita e paridade do poder de compra de 1995, ainda ficamos com um nível de vida 75% superior ao brasileiro, 190% superior ao ucraniano e 320% superior ao marroquino».
N.B. Os mais propensos a problemas digestivos não deverão ler este livro antes das rabanadas.
04/12/2011
A matéria da economia
O dinheiro dos pensionistas da banca viajou no tempo: metade veio do futuro para se consumir no presente a pagar o passado. No futuro, essas pensões serão pagas, obviamente, por mais dívida pública ou impostos, o que é a mesma coisa em tempos diferentes.
Esta crónica de PSG lembra-nos qua a economia não se rege pelas leis da matéria - quando se produz algo com um valor superior ao que se consome, gera-se um excedente. Este "milagre" resulta da criatividade humana - capacidade de combinar recursos para gerar outros de valor superior e, obviamente, criatividade para valorizar o resultado da produção.
Felizmente, a criatividade humana não tem limites. Por exemplo, há quem seja capaz de chamar "excedente" ao pagamento de despesas passadas escavando mais um buraco orçamental que alguém terá de tapar no futuro. Faz sentido, se quem receber o dinheiro o utilizar para aumentar a produtividade do seu negócio, por exemplo.
Há ainda quem seja criativo ao ponto de considerar que esse "excedente" poderia ter sido usado para pagar o meu subsídio de Natal. Também faz sentido - com ele eu teria comprado um computador novo, com inegáveis efeitos na minha produtividade bloguística, por exemplo.
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