Destaco o seguinte:
- «O grande valor da abstenção verificada foi consensualmente apontado como um dos factores para os resultados verificados».
Aparentemente, o comunicado defende que as sondagens estavam certas e os votos é que se desviaram das sondagens devido à abstenção! ROFL
Mas, fazendo o favor de interpretar que as sondagens se desviaram dos resultados, devido ao grande valor da abstenção, não há desculpa. Já disse (em 30 de Maio e em 16 de Junho) que o valor da abstenção foi idêntico ao que "toda a gente" esperava. Por isso, quando venderam os seus serviços, as empresas de sondagens deviam ter informado os clientes e respectivos leitores/ espectadores dos problemas inerentes à inferência dos resultados nas condições da abstenção prevista. - «... notado que a esmagadora maioria dos resultados se verificaram dentro do intervalo de confiança, ou seja, não se registaram, de facto, os erros clamorosos que foram apontados às sondagens».
Em primeiro lugar, houve desvios significativos - bem fora do "intervalo de confiança"(*) - em quase todas as sondagens, para o partido que elas previam ser o vencedor - e que não foi!
Em segundo lugar, os leitores/ espectadores não tinham conhecimento dos "intervalos de confiança", a não ser que lessem o blogue Margens de Erro, onde o responsável do CESOP os estimou com base na informação incompleta disponível. Só tenho conhecimento de um caso em que um órgão de comunicação social publicou, juntamente com a sondagem, uma advertência sobre a grande magnitude dos "intervalos de confiança".
Não pretendo pôr em causa o rigor do trabalho efectuado, nem alimentar suspeitas de manipulação dos resultados, de perseguição a um partido, de benefício a outro, ou qualquer acusação do género. Isso está completamente fora do âmbito do título deste post. Agora, depois da expectativa criada por Pedro Magalhães num texto muito citado, admitindo o «fracasso das sondagens para as eleições europeias», o comunicado da ERC é despropositadamente desculpabilizante e revela falta de aderência à realidade. Mau sinal.
(*) A não ser que esses "intervalos de confiança" fossem, na realidade, muito mais largos do que os estimados por Pedro Magalhães.
Deveriam informar préviamente o que pretendem demonstrar com as sondagens, porque mais parece um concurso de tiro ao alvo sem qualquer interesse para os eleitores.
ResponderEliminarSerá que estamos perante uma nova era da actividade de bruxaria agora com laivos de cientologia para se fazer cobrar à grande?
"as sondagens estavam certas e os votos é que se desviaram" é isso mesmo
ResponderEliminarEmpresas que estudam a opinião pública não percebem que têm uma má imagem na opinião pública?
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