23/02/2011

Foguetes

Afinal, os foguetes foram para comemorar o quê?
Alternativas de resposta:
  • O record atingido pela despesa?
  • A inversão de tendência na receita?
  • O segundo pior saldo de sempre?
Há, no entanto, um amargo de boca nesta "vitória" - eles não conseguiram cobrar em 2011 mais do que tinham feito em 2008!

13/02/2011

As minhas escolhas

Sykes, C. J. (2007). 50 rules kids won't learn in school : real world antidotes to feel-good education (1st ed.). New York: St. Martin's Press
(13 dólares na Amazon)

«A job is not degrading. Being a drone or a deadbeat is degrading» (p. 57)

O subtítulo dá o mote para o tom geral do livro - alertar a geração que está a entrar no mercado de trabalho para as diferenças entre esse mundo e o mundo de fantasia alimentado pela redoma em que a escola se tornou. A minha escolha é um pretexto para falar de duas das 50 regras:
22 - You are not a victim. So stop whining.
15 - Flipping burgers is not beneath your dignity. Your grandparents had a different word for burger flipping. They called it opportunity.
Faço-o a propósito da vitimização da "geração parva". Libertem-se da redoma e vão trabalhar. Ganhem a vossa independência. Se ainda vos «falta o carro pagar», é porque são uns privlegiados, comparados com a minha geração que aspirava a uma XF17 Super, enquanto a geração anterior à minha comprava uma Dinâmica às prestações para ir trabalhar para os Fornos Eléctricos.
À falta de burgers, os meus amigos começavam a virar caçoilos de resina à hora a que vocês saem da discoteca. Sairam da «casinha dos pais» antes dos 18, alistaram-se na tropa, estudaram à noite, conseguiram os seus diplomas superiores e melhores empregos, com a humildade de quem não tem medo de aprender com as gerações anteriores.

12/02/2011

A Pureza da Política

Estou cada vez mais desiludido.
No site do Centro de Estudos Sociais ficamos a saber que o investigador José Manuel Pureza coordena o Núcleo de Estudos para a Paz, mas também que tem «responsabilidades de co-coordenação do Programa de Doutoramento em Política Internacional e Resolução de Conflitos». Ficamos também a saber que é Licenciado em Direito e Doutor em Sociologia.
Depois vamos ao site do Público e ficamos a saber que o mesmo «José Manuel Pureza, admitiu, preto no branco, que esta é uma moção "contra a direita e contra quem governa com políticas de direita"». i.e. que a bancada que o Prof. Beleza lidera vai apresentar uma moção de censura ao Governo tão mansa como a tia do Chefe.
Desculpe Prof. Pureza, mas o senhor não tem perfil de palhaço. Volte lá para o CES e deixe esse seu lugar para um qualquer Tiririca mais qualificado para a função.

01/02/2011

Um país de inovadores

«A rubrica em que Portugal mostra um melhor resultado - e está mesmo em terceiro lugar face os países da Europa a 27 - é no item "Inovadores", isto é, dos países com empresas que declaram ter introduzido produtos ou processos inovadoras no mercado (...)»

«O pior lugar de todos acaba por ser mesmo nos efeitos económicos conseguidos, onde ocupa a 23.ª posição. Indicadores como o emprego em sectores que exigem elevada qualificação, o volume das exportações de bens de média e alta tecnologia ou a venda de bens resultantes de inovações apresentam desempenhos e evoluções abaixo da média europeia.»

Este é um resumo da forma como Luísa Pinto noticia o relatório que, segundo Carlos Zorrinho, demonstra que Porugal é «líder de crescimento na inovação». Ou seja, os empresários acham que são muito inovadores, mas não ganham nada com isso. Terão aprendido com quem?

Nota: Não consigo perceber onde foi a jornalista buscar a ideia de que Portugal «é também o país em que mais jovens com idades entre os 20 e os 24 anos têm o ensino secundário completo». Qualquer cidadão minimamente informado sabe que não é o caso e o relatório em causa atribui a Portugal um valor de 71 nesse indicador, cuja média europeia é indexada em 100.
Já agora, é justo reconhecer que não é só de garganta que os portugueses estão a melhorar - Portugal apresenta valores bastante superiores à média europeia nos indicadores "novos doutorados" e "publicações científicas internacionais".

O peso do ensino privado

Caro Paulo Guinote, com duas variáveis também se consegue uma melhor imagem. Neste caso, com dados do PISA 2009, poderemos relativizar esse papão dos lucros privados pagos com dinheiro dos contribuintes. Como aparte, diria que é interessante ver essa preocupação com o lucro dos colégios e, simultaneamente, a despreocupação com os lucros da J. P. Sá Couto ou das construtoras que andam a "requalificar" o parque escolar...
Há um grande grupo de países (Finlândia, Suécia, Noruega, Alemanha, Holanda, Chéquia, Eslováquia e Eslovénia) onde não há ensino "verdadeiramente" privado, i.e. todo o ensino prestado por escolas privadas é público. Por outro lado, Grécia, EUA e R. Unido têm uma posição inversa, i.e. todo o ensino prestado por escolas privadas é privado.
Note-se que Portugal está muito próximo da média da OCDE em ambas as variáveis. Note-se ainda que, seguindo essa corrente contra o ensino público em escolas privadas, Portugal aproximar-se-ia da Grécia :)

N.B. Devido à elevada dispersão, o gráfico tem escala logarítmica.

Um gráfico com três variáveis tem mais graça

Paulo Guinote tem-se dedicado a apresentar alguns gráficos com estatísticas sobre sistemas educativos, nomeadamente sobre o papel do sector privado na oferta educativa. Por exemplo, escreveu um post sobre um gráfico romeno que ilustra que Portugal ocupa o «6º lugar num conjunto de 27» países da OCDE representados nesse gráfico, no que respeita ao peso do ensino privado do 1.º ao 12.º ano de escolaridade.
Guinote deu ao post o título «Estas coisas têm a sua graça», mas eu acho que têm mais graça com mais variáveis "ao barulho". Por exemplo, no gráfico abaixo, adicionei os resultados PISA 2009 e o regime constitucional!
Dois factos engraçados:
  1. No quadrante superior direito só há círculos azuis.
  2. No quadrante inferior direito só há países ibéricos.

N.B. Devido à elevada dispersão, o eixo horizontal tem escala logarítmica.